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Kobe, coronavírus e enchentes

Os fãs de basquete ficaram arrasados com a trágica morte de Kobe Bryant. Ícone do esporte, na infância era um dos piores jogadores do time, mas com esforço, foco e determina­ção, transformou-se em superatleta referência para milhões de pessoas. Ele ensinou que todos podem superar os próprios limites. Seu sucesso extrapolou as quadras, chegando aos negócios e, segundo a Forbes, sua fortuna era de US$ 600 milhões. Junto com a esposa, mantinha uma organização não-governamental de auxílio as famílias carentes, especial­mente crianças, nos Estados Unidos e no mundo, onde a base é educação, esporte e cultura.

Kobe recebeu homenagens de atletas de várias modalida­des. O Bahia aliou a memória do astro com sua campanha contra a homofobia e na terça-feira, o volante Flávio, jogou vestindo a camisa 24. Historicamente equipes brasileiras de futebol masculino descartam o número que representa o veado no jogo do bicho, animal maliciosamente associado à homossexualidade. Os baianos realizaram uma ação simples, porém audaciosa, de um clube que desde 2018 está mobiliza­do na luta contra preconceitos como o racismo e o machismo.

Da China ressurgiu coronavírus integrante de uma vasta família viral, que provoca infecções respiratórias em animais e seres humanos, conhecida desde meados dos anos 1960. A epidemia já contaminou milhares de pessoas com dezenas de mortes e merece a atenção de todos. A preocupação mundial vai além das vidas expostas e chega ao impacto financeiro nas bolsas. Entre notícias falsas e discursos estereotipados sobre o modo de vida chinês, algo chamou atenção: a construção de um hospital em dez dias. Fato inimaginável para os brasilei­ros que cotidianamente precisam de acesso à saúde e obser­vam a injustificada morosidade de governos, até para entregar Unidades e UPAs que estão prontas há anos.

Difícil também explicar as inundações e o rastro de destruição deixado pelas chuvas torrenciais em Minas Gerais e São Paulo. A opção mais fácil é culpar a natureza, a mais digna é denunciar a inércia das autoridades em garantir aces­so à moradia e ao espaço urbano, também a falta de planeja­mento e qualidade nas obras de infraestrutura urbana. Além de ampliar os programas de moradia popular, é necessário identificar as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos, inundações e instabilidade geológica e evitar sua ocupação. Também limpar os bueiros, construir piscinões, pisos perme­áveis e cumprir os Planos de Drenagem Urbana.

Kobe, coronavírus e enchentes mostram que existem tragédias imprevisíveis e outras anunciadas e que de todas podemos extrair lições. Certamente o impacto das notícias provoca comoção e lágrimas, mas também precisa trazer a consciência da necessidade de mudanças comportamentais e atitudes concretas tanto do cidadão comum quanto daquele revestido de encargo público.

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