Quem passa diariamente pelo final da avenida Saudade, perto da ponte sobre o córrego do Tanquinho, na divisa dos Campos Elíseos com a Vila Mariana, onde começa a avenida Brasil, na Zona Norte de Ribeirão Preto, percebe que nas últimas semanas a concentração de pessoas em situação de rua naquele trecho aumentou consideravelmente. O local virou ponto de encontro de aproximadamente 20 pessoas que dormem debaixo das marquises dos imóveis.
Durante o dia, parte do grupo deixa o local para pedir esmolas nos semáforos da região ou recolher recicláveis nas ruas da cidade. Já no final da tarde, todos se reúnem à espera de comida distribuída por entidades, igrejas ou grupo de pessoas voluntárias. Procurada para falar sobre as ações que a prefeitura realiza no local, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) informou que um serviço especializado aborda os “novos usuários destes locais para construir com eles um vínculo de confiança”, diz em nota.
O comunicado enviado ao Tribuna ressalta que as assistentes sociais da pasta buscam “conhecer a história e a trajetória de vida e as razões que os levaram a esta condição, e ofertar-lhes serviços que a rede disponibiliza”. Porém, a secretaria diz que respeita o direito do cidadão de aderir voluntariamente aos serviços e que, dentro do possível, os orienta sobre o direito constitucional de “ir e vir”.
De acordo com a secretaria, as abordagens são feitas por meio de busca ativa em rondas fixas quatro vezes ao dia no Terminal Rodoviário Central e que outros locais da cidade também recebem as rondas, sejam aleatórias ou previamente programadas. O mais recente levantamento realizado pelo Serviço de Abordagem Social (Seas) do município foi feito no ano passado e cadastrou, na época, 3.300 pessoas em situação de rua.
O levantamento mostrou ainda que a maioria, ou 2.706 pessoas, é formada por homens, o que corresponde a 82% do total. Já as mulheres totalizam 594 e representam 18%. Em relação aos locais com maior concentração destas pessoas estão a região central da cidade, como a praça Carlos Gomes e a Francisco Schmidit, localizada ao lado da Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) Central, e praças e avenidas das regiões Norte, como a Saudade.
Outro levantamento disponibilizado no ano passado pela prefeitura revelou que, entre janeiro e setembro de 2019, Ribeirão Preto “devolveu” 1.862 pessoas em situação de vulnerabilidade social que estavam na cidade, mas desejavam voltar para seus municípios de origem ou irem para outros locais. O serviço de recâmbio é oferecido pela administração municipal há vários anos e tem como objetivo disponibilizar passagem de ônibus intermunicipal para quem chega a cidade e não tem como voltar ao seu local de origem ou deseja ir para outro município.
Para isso, a prefeitura tem dois contratos – feitos via licitação – com empresas de ônibus intermunicipais que atuam na região e realizam este transporte em linhas convencionais. A distância entre Ribeirão Preto e a cidade para onde a pessoa deseja ir não pode ultrapassar em media 150 quilômetros, mas em caso excepcional ela pode ser maior.