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Bancos digitais: eles vieram com tudo

JF PIMENTA

Os tradicionais bancos com operação no Brasil ga­nharam nos últimos anos concorrentes que estão mu­dando o cenário do Sistema Financeiro Nacional. Coo­perativas de crédito e bancos digitais ou fintechs (união das palavras financial e te­chnology) estão abocanhan­do uma parcela considerável da população. Só o Nubank, principal banco virtual, che­gou a 15 milhões de clientes no final de 2019.

Uma pesquisa realizada e publicada pela Revista For­bes, em parceria com a Sta­tista, mostra que dos cinco melhores bancos brasileiros – baseado em satisfação dos clientes – os três primeiros são fintechs: Nubank, Banco Inter e Neon. A tradicional Caixa vem em quarto e o Itaú em quinto.

Foram entrevistados 40 mil clientes no mundo com o objetivo de conhecer a opinião sobre as atuais e an­tigas relações bancárias. As instituições financeiras fo­ram classificadas em termos gerais de satisfação de acor­do com cinco critérios: con­fiança, termos e condições, atendimento ao cliente, ser­viços digitais e consultoria financeira.

Além da satisfação dos clientes, outra pesquisa, re­alizada pela MindMiners e publicada pela Revista Meio e Mensagem, mostra o cres­cimento desses novos ban­cos. O estudo, denominado “Brasileiro e o dinheiro”, le­vanta que em 2017, 25% dos entrevistados afirmaram que utilizavam as fintechs, já em 2019, este número passou para 55%.

Cooperativas de crédito também registram crescimento

Cooperativas
Antes dos bancos digi­tais, as cooperativas de cré­dito, com taxas e condições melhores que os oferecidos pelos bancos tradicionais, conquistaram uma parcela significativa do mercado. Em 2019, o sistema atingiu mais de 10 milhões de cooperados, tanto de pessoas físicas como jurídicas, atendidas em apro­ximadamente 6 mil agências. Registros de 2018 apontam que as cooperativas de crédi­to obtiveram um crescimen­to de 9% em cooperados. De acordo com o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, elaborado pelo Banco Central, o número de pontos de atendimento de cooperativas de crédito cres­ceu 19% nos últimos quatro anos, enquanto os bancos tradicionais registraram re­dução de 10%.

Segundo o economista Anderson Salvador Roma­nello, coordenador do cur­so de Economia e pró-reitor acadêmico do Centro Uni­versitário Moura Lacerda, as concorrências dos bancos vir­tuais e cooperativas de créditos são positivas, pois o Sistema Financeiro Nacional necessi­tava evoluir. Segundo ele, o sis­tema (antes das cooperativas e fintechs) apresentava proble­mas estruturais que dificultam o acesso a financiamentos em longo prazo. “A estrutura é concentrada, nas mãos de poucos grupos, o que resulta numa concorrência menor, pouca qualidade e altos cus­tos. A vinda (das fintechs) é em boa hora, pois gera maior concorrência e benefícios aos clientes”, avalia.

Romanello explica que as fintechs possuem estrutura reduzida e custos menores, e com isso oferecem agilidade e taxas mais baixas. “Quem quiser tirar esses clientes (das fintechs) terá que oferecer algo mais. Produtos e servi­ços mais atrativos. É altamen­te positivo para o sistema fi­nanceiro e para a sociedade”.

O economista comentou eventuais receios e dúvidas com relação ao sistema digi­tal. “A nova geração já vive esse mundo e não tem problema nesse mundo. Nós que somos oriundo dos Anos 80 podemos ter desconfiança, conservadoris­mo. Não podemos avaliar pelo nosso perfil (pessoas entre 40 e 50 anos), tem que ser uma ava­liação geral. Pelo que estudei e tenho observado esses siste­mas não oferecem problemas”.

Romanello também co­mentou sobre o papel das coo­perativas de crédito. “É um sis­tema que também incomodam os chamados bancos tradicio­nais. A cooperativa não visa lucro e oferece o rateio dos resultados entre os cotistas. É também positiva para o siste­ma financeiro, pois elas ofe­recem melhores taxas e linhas de financiamentos. Algumas cresceram em nível regional e estadual e ficam perto dos bancos tradicionais”, finaliza.

Para presidente do Sicoob, concorrência é saudável
Segundo Cesar Augusto Campez Neto, diretor-presidente do Sicoob Cooperac, a concorrência entre os bancos tradicionais, co­operativas de créditos e bancos digitais (fintechs) é muito saudá­vel e faz bem ao consumidor.

Cesar Augusto Campez Neto,
diretor-presidente do Sicoob Cooperac:
todos os clientes são donos

“Agora o correntista tem outras opções. Antes existiam apenas os bancos tradicionais. Este cenário mostra que houve um avanço no ambiente financeiro, pois o consumidor pode escolher a opção que melhor atenda às suas necessidades”.

A competitividade traz bene­fícios para os consumidores. “Este leque diversificado traz mudanças ao cenário financeiro. Se antes a única alternativa dos consumidores era abrir uma conta em um banco tradicional, hoje ele tem outras opções. No caso das cooperativas a prioridade, em relação ao aten­dimento, por exemplo, é colocar o cooperado em primeiro lugar. Nossos gerentes atuam como consultores para que as pessoas físicas, ou jurídicas, realmente optem pelo produto que melhor atenda às suas necessidades”, explica Campez.

Nas cooperativas, todos são donos
“No ambiente cooperativista nossa prioridade é que todos que fazem parte do sistema se sintam donos e entendam que nossa atuação, como agente financeiro, é fortalecer a economia das cidades onde atuamos, além de contribuir para a melhora da qualidade de vida da população, disseminando o conceito de educação financeira, por exemplo”, diz o presidente da Sicoob Cooperac.

Para Campez, as cooperativas fizeram com que os bancos tra­dicionais revissem a postura em relação aos clientes. “Na minha opinião o grande diferencial das cooperativas está no atendi­mento humano e personalizado. Tanto é que os bancos já estão mudando o discurso em relação ao atendimento. As cooperativas de crédito representam uma excelente opção para todos os correntistas, sejam eles, pesso­as jurídicas, ou pessoas físicas, pois há uma enorme diferença entre ser apenas um corren­tista, e ser um cooperado. No nosso caso todos os corren­tistas são donos da entidade e participam dos resultados, que são as sobras anuais. Aqui todos têm direito de votar e ser votado e receber juros sobre o capital próprio”.

Ele exemplifica que no Sicoob Cooperac não existem despesas com tarifas mensais de manu­tenção de conta corrente e os cooperados podem se beneficiar de menores tarifas nos produ­tos. “Em nossas agências todos conseguem negociar diretamen­te com o seu gerente as menores taxas de juros nos empréstimos e financiamentos de veículos, além de poder contar com todos os produtos de uma institui­ção financeira convencional”, finaliza.

Para o economista Anderson Salvador Romanello, mudanças são saudáveis para o Sistema Financeiro

Diferenciais dos bancos digitais
Os bancos digitais não exigem cópias impressas de documentos para abrir uma conta corrente; As tarifas são reduzidas ou inexistentes; Atendimento é feito online; Há diversos canais virtuais de atendimento como Chat, Facebook e Whatsapp; Normalmente as demandas são atendidas em tempo real; As contas digitais oferecem maior rentabilidade que a poupança.

Principais bancos digitais
Nubank Neon Next Inter Original Agibank

Sete princípios do cooperativismo
Adesão livre e voluntária Gestão democrática Participação econômica Autonomia e independência Educação, formação e informação Intercooperação Interesse pela comunidade

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