O inimigo mora ao lado
Temos enfocado nesta coluna a situação social e de saúde dos moradores de rua envolvendo questões da saúde mental e da falta de vagas nos hospitais psiquiátricos locais. Existe a questão dos dependentes químicos e a dos doentes mentais que em muitas oportunidades se confundem. Na questão dos problemas psiquiátricos, muito do que temos é decorrente de um entendimento que em determinada época se teve e que redundou na retirada dos doentes dos manicômios e transferindo a responsabilidade do tratamento para suas famílias. Segundo especialistas a política adotada não deu certo. Os problemas aumentaram. Muitos dos que se tratavam com profissionais estão nas ruas junto com drogaditos e outros tipos de problemas, incluindo os policiais.
Somos vítimas
A população é vítima de assaltos (geralmente para que compre drogas) e de surtos não controlados por falta de atendimento psiquiátrico adequado. Poucos são os psiquiatras que atendem pelo SUS, seja no chamado Hospital Dia ou mesmo nos Postos de Saúde e até na UPA. Para se conseguir uma internação é um processo demorado. A burocracia é grande e somente quando alguém entra em surto violento é que se consegue uma vagazinha “pelo Amor de Deus”. Enquanto o setor de vagas procura um lugar para atendimento, os funcionários dos postos ficam a mercê da violência dos que estão no auge da doença mental.
Nas ruas e praças
Nas ruas somos abordados por todo o tipo de doentes e de outros que optaram pela vida nas vias públicas. Há alguns dias uma senhora passeava em uma praça que parecia oferecer toda segurança aos que faziam exercícios e um cidadão bem vestido revidou um “bom dia” com doze facadas. Pelas diversas ruas e avenidas temos contato com pessoas que necessitam de atendimento e nos ameaçam se não dermos um dinheiro que geralmente são direcionados para os traficantes de crack.
Promessas, promessas
Enquanto isso, as secretarias que deveriam estar envolvidas na importante questão de saúde publica, ficam municiando a imprensa com dados sobre quantos moradores temos. O atendimento não é direcionado para os que carecem de atenção médica ou de um tratamento em clinicas especializadas. Várias autoridades vieram a nossa cidade, sempre em época eleitoral, e prometeram verbas para o tratamento nas tais clínicas de desintoxicação. No entanto, o número de moradores de rua não diminui. Senhores Secretários da Saúde e da Promoção Social – é coisa séria. É urgente uma atuação eficaz. Precisamos acordar a sociedade, pois ela própria é vitima dessa falta de solução. Acorda, Ribeirão.
Contratação de psiquiatras
Urge a contratação de psiquiatras e que tenhamos acolhimento dos pacientes mentais nos manicômios que ainda temos. Não podemos ficar a mercê desta situação enquanto se discute o “sexo dos anjos”.