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O sol do Brasil

Durante o café da manhã com minha filha, que mora na Dinamarca, e com as minhas duas netas dinamarque­sas, antes de leva-las ao aeroporto para a viagem de volta, elas falaram que as frutas da Europa são tão bonitas como as brasileiras, mas, não tem o sabor e a doçura das nossas. Expliquei que o segredo é o Sol do nosso país, que derra­ma raios benfazejos, que aquecem a Terra, permitindo que ela produza os frutos de que tanto necessitamos e as flores que tanto nos encantam. Curioso que, moradores num país tropical, esquecemos de dar ao Sol o grande valor que os habitantes do Norte reconhecem.

Durante os longos anos em que minha filha mora na Dinamarca, fui uma vez visitá-la no período entre o Natal e o Ano Novo. Foi muito agradável a visita, mas, prometi a mim mesmo que só voltaria nesta época se houvesse necessidade. Entre outubro e abril, o Sol nasce entre 9h e 10h da manhã e começa a se por entre 15h e 16h, com uma luminosidade diminuída. Temperaturas negativas são comuns nessa época do ano e até a piscina da casa dela congela. Você não pode sair passeando e os deslocamentos são de um lugar a outro, rápidos e nos vestimos com pesados agasalhos. Um dia, fal­tando manteiga para o café da manhã, dispus-me a compra-la num supermercado próximo. O dia estava gelado, mas como iria da casa de minha filha à loja e voltaria, não vesti por baixo do capotão, a pele de urso que me havia sido designada. Corri para o carro, corri do carro para o supermercado e vice versa. Cheguei batendo os dentes, num frio incontrolável. Meu genro, como bom dinamarquês viking me preparou um grog: água fervente com Aquavit, a aguardente de batata que é bebida nacional. A mistura quente, à medida que ia descendo, produzia uma sensação de calor muito agradável e terminou com a tremedeira.

Ao contrário, quando é primavera e verão, os dias vão se encompridando, até que o sol nasça entre 2 e 3 h da manhã e se ponha entre 23 e 24hs. É uma claridade só, embora a temperatura média seja entre 18 e 20 graus. Os escandinavos adoram este período do ano e nos quartos de hotel há so­mente cortinas finas, para que a luminosidade invada desde cedo as casas. Para mim, que gosto de dormir no escuro, só as máscaras de sono resolvem o problema. Raros são os dias mais quentes e, quando ocorrem, a população sai toda à rua.

Quando minha primeira neta dinamarquesa nasceu, enterrei seu umbigo nas raízes de uma árvore que comprei e plantei. Passados 21 anos, ela ainda é pequena. Por falta de nosso Sol, as plantas crescem mais devagar.

Nada disto ocorre em nosso país, de verão permanente e inverno que passa raspando, salvo algumas áreas da região Sul, sem grandes quedas de temperatura ou, quando as há, limitadas a poucos dias. Nossa pele destoa da brancura das do norte. Nossas árvores, em pouco tempo, são grande e come­çam a produzir flores e frutos. Tudo que comemos e bebemos tem a energia do Sol que as possibilitou. Vivendo nesta parte abençoada do Brasil, somos privilegiados pelo Sol que nos aquece praticamente o ano todo. É bem verdade que sofre­mos nos meses de janeiro, fevereiro e março, com um calor intenso, mas as inúmeras piscinas de nossa cidade amenizam esta sensação, junto com a cerveja, o chope e o vinho branco, todos bem gelados.

O Sol é vida, como a água, ambos indispensáveis para nós. Precisaremos dele até que a bilhões de anos nosso planeta seja engolido e calcinado por sua expansão.

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