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O Grande Jornalista Luciano Lepera
O jornalista e político Luciano Lepera tinha sua filosofia de vida plasmada nos cadernos de Karl Marx e Lenin. Era um so­cialista comunista de uma fidelidade ímpar. De uma bonda­de e solidariedade inconteste, ele sempre estava atento para auxiliar um colega ou dar a alguém, em situação difícil, uma palavra amiga. A sua luta para a mudança política era de uma pujante força e dedicação. Nunca defendeu a violência e sim a mudança dos parâmetros pelas ideias. Dizia-se que ele era ateu pelas determinações filosóficas determinantes de seu partido o PCB, mas em muitas oportunidades deu mostras de pedir ao mais alto do firmamento a ajuda do Criador nos mo­mentos críticos por que passou.

Cassado na Assembleia de São Paulo
Ele era diferente e coerente. Diante dos patrocinados por po­derosos, falava o que devia ser dito e não temia o ranger dos dentes dos vingativos ouvintes. Tanto fez que foi o primeiro deputado da Alesp a ser cassado pelos seus pares por acredi­tar que o comunismo era a saída para os problemas da época. Precisou vender coleções de livros para poder sobreviver e foi jornalista do Diário de Notícias.

Caminhos que se cruzam
Certa feita, em um sábado, estávamos aguardando a chega­da de Lepera ao Diário de Notícias para escrever o seu artigo sempre muito lido, quando a redação estava parada e a oficina do jornal aguardava para rodar a impressora. Ao longe vislum­bramos Lepera conversando com uma cigana que fazia gestos com algo na mão. Em dado momento o nosso amigo virou as costas para a mulher com uma criança no colo e saiu conver­sando consigo mesmo, como sempre o fazia.

Explicações extrassensoriais
Lepera chegou calado. Sentou-se a máquina Olivetti e come­çou a escrever seu artigo. Todos foram até ele e perguntaram o que havia acontecido. Com paciência ele explicou: “Estava chegando perto da avenida Leão XIII quando a cigana me pa­rou e pediu a maior nota que eu tinha no bolso. Tirei a do Cas­telo Branco que era o de maior valor e dei para ela, que disse que iria rezar. Ela cuspiu na nota e disse: “Você quer que eu devolva a nota ou faça uma bruxaria para você nunca mais ser másculo na vida?”. Lepera preferiu a segunda opção e deixou a nota de forma intempestiva.

Ateu
Sempre se disse que o comunista era ateu e perguntamos a ele: “Como foi Lepera, você com a filosofia comunista ficou com medo da bruxaria?”. Ele, tranquilamente, respondeu: “Vai que a praga pega e o que vou dizer lá em casa”. Como diz o espanhol. “Não creio em bruxarias, mas que existem, podem crer, existem”. E foi feliz com sua mulher para o resto da vida.

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