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História Universal da Destruição dos Livros, de Fernando Báez

Assim como se desterritorializam pessoas, também os livros, ao longo da História, pas­saram por centenas de ocasiões em que foram deslocados, roubados e destruídos. Intem­péries, negligência e vingança, de forma deliberada e voluntária, iniciadas da Biblioteca de Alexandria até o “bibliocausto nazi” (nas palavras do autor), sem deixar de passar pelos mais recentes casos do Iraque, fizeram com que milhares de livros desaparecessem da face da terra, aniquilando parte significativa da memória da Humanidade. De acordo com a obra, “Alguns porque acreditavam que, eliminando os vestígios do pensamento de uma determinada época, estariam promovendo a superação do conhecimento humano. Outros, mais modestos, lan­çavam ao fogo suas obras simplesmente por vergonha do que haviam escrito. No entanto, os principais destruidores de livros sempre tiveram como maior motivação o desejo de aniqui­lar o pensamento livre. Os conquistadores atribuíam à queima da biblioteca do inimigo a consagração de sua vitória”.

Principiando por temas como A cultura de destruição, Fernando Báez trata da destruição de livros na Suméria, passa por filósofos que também destruíram livros e chega à perseguição aos livros budistas, sem deixar de comentar o desaparecimento de várias obras de Aristóteles. Das bibliotecas fechadas como túmulos à censura de livros pelo Santo Ofício, disserta sobre a misteriosa obra A Esteganografia e chega a naufrágios célebres. “Misteriosa simetria relacio­na Larrazábal ao poeta colombiano José Asunción Silva: o barco Amerique em que Assunción regressava à Colômbia, depois de cumprir missão diplomática em Caracas, encalhou num banco de areia e, embora tenha sobrevivido, perdeu muitos de seus livros e os manuscritos originais de obras como Cuentos negros, Las almas muertas e Poemas de la carne. No mítico Titanic viaja­vam 2.227 pessoas e, com seu afundamento no Atlântico, em 1912, depois de se chocar com um iceberg, restaram 705 sobreviventes. A biblioteca do navio e todos os livros dos passageiros foram destruídos. A lista de naufrágios é bastante extensa, e, portanto, também a perda de livros. Não foram poucos os iates que possuíam bibliotecas bem completas que repousam no fundo mar depois de diversos acidentes raras vezes divulgados”.

Por adição, os Expurgos sexuais; Os expurgos culturais; os Papéis autodestrutivos; os Exemplares únicos; O caso dos livros-bomba; A aniquilação de livros eletrônicos; até Os livros destruídos no Iraque, entre outros, são temas tratados nessa obra. Sobre os escritores perse­guidos, assim trata o autor, “A perseguição de escritores foi comum no século XX, mas quero me referir a quatro em particular… Mario Vargas Llosa, peruano, autor de A cidade e os cães (La ciudad y los perros, 1962), magnífico romance em que descreveu sua experiência no colégio mi­litar Leoncio Prado de Lima. Os militares, perturbados com o conteúdo do livro, queimaram em 1964 os exemplares confiscados. Na Universidade Central da Venezuela foram queimados vários exemplares de seus livros e artigos sobre o governo de Cuba…”.

O autor? Escritor, poeta e ensaísta venezuelano, é especialista na conservação de biblio­tecas, trabalhando como consultor de órgãos como a Unesco. O livro? História Universal da Destruição dos Livros, de Fernando Báez.

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