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Idoso, mas não morto!

Mundo paradoxal o deste planeta, porém mais paradoxal ainda é este nosso Brasil. Matamos mais de 60 mil jovens por ano. Enquanto isso, conseguimos estender a faixa da longevi­dade. Matamos jovens e salvamos velhos.

É constatável o crescimento da expectativa de vida dos brasileiros. Em 1940, era de 45,5 anos. Em 2018, a média é 76,6 anos. Significa isso que, em 2060, serão cinco milhões de brasileiros com mais de 90 anos.

O lado perverso: em 1988, o Brasil gastava 3,4% do PIB com a Previdência Social. Em 2018, despende 13% do PIB. E ainda há gente que questiona a necessidade da reforma da Previdência Social! Chegará o dia em que velhinhos não re­ceberão proventos e suas viúvas não receberão pensão. Quem os alimentará? Quem cuidará de sua saúde, que fica a cada ano mais dispendiosa?

Os irados “donos da verdade” não querem ouvir que os brasileiros aposentam precocemente. A idade média já era baixa: 55,8 para homens e 53,1 para mulheres. Passou a 55,5 para homens e a 52,8 para mulheres. Hoje, alguém com cin­quenta anos é considerado jovem. Moleque! Ainda tem muita lenha para queimar. Não pode ficar às custas do País. Nem pode obter aposentadoria fraudulenta, simulando síndrome do pânico e outras cinquenta mil tonalidades de patologias que passam incólumes pelo falível controle ou conseguem sucesso mediante uso de propina, corrupção e outras práticas que todos conhecemos.

Os jovens que pensam que não têm nada a ver com isso, estão enganados. Primeiro, se não pensarem e se não morrerem jovens, terão de sustentar os idosos cada vez mais longevos. Segundo: o Brasil será a terra dos anciãos, porque as curvas vão se encontrar: homicídios de jovens, mortes por acidente, por suicídio, por over­dose, do lado da mocidade. Mais cuidado, mais vida saudável, mais prudência, do lado da ancianidade.

Quem tem juízo tem de procurar verificar o que fazer com essa legião de idosos que vai querer continuar a existir e a participar ativamente do convívio. Aprender com a popula­ção dos lugares nos quais as pessoas vivem mais e vivem bem. Pois não é saudável só pensar em asilos, em casas de repouso, em abrigos, em espaços para abrigar as mais variadas síndro­mes demenciais.

Alguns exemplos: em Loma Linda, na Califórnia, Estados Unidos, a comunidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia pro­picia a seus fieis rigorosas diretrizes de alimentação, exercício e descanso. A Igreja incentiva o vegetarianismo, a prática de cami­nhadas, a abstenção de fumo e de álcool. Os que seguem a receita vivem dez anos mais do que a média dos americanos.

Em Nicoya, na Costa Rica, além da combinação de frutas, legumes e milho, toma-se muita água rica em cálcio e mag­nésio. Dorme-se mais cedo e valoriza-se a crença em Deus. A região é a que ostenta a mais elevada concentração de cente­nários do sexo masculino.

Na Sardenha, Itália, o diferencial é o humor. A dieta é ba­seada em vegetais, frutas, pão, massa fresca, vinho tinto e leite de cabra. São inúmeros os que atingem um século e continu­am a viver bem.

Já na ilha de Icária, na Grécia, foi localizada a maior taxa de pessoas que alcançam os 90 anos, conjugada com a menor taxa de demência ou enfermidade mental da senilidade. São comunidades que só consomem o que cultivam, banindo o veneno químico existente na produção do restante do mundo.

Consumir soja é o que recomendam os residentes em Oki­nawa, Japão. Além disso, dedicam-se à jardinagem, partilham as refeições sentados sobre tatame e encontram sentido para a existência, qualquer que seja a sua idade.

É lógico que cada qual tem sua orientação e quer viver com qualidade de vida. Mas mirar-se no exemplo de outras comunidades é salutar.

Saudável mesmo é se movimentar, não deixar a cabeça ociosa, que ela vira “oficina do demônio”, como diziam os an­tigos. Por sinal que o demônio parece ter desistido de mudar os teimosos irados e os turrões. Já não precisam dele. Apren­deram sua lição.

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