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Brasileira quer mais diversidade e divulgação na ciência internacional

A física brasileira Márcia Barbosa é uma das novas pesquisadoras eleitas para a Academia Mundial de Ciências - UFRGS

A física brasileira Márcia Barbosa compõe o grupo de 36 novos pesquisadores eleitos para compor, a partir de janeiro, a Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês), instituição ligada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) com sede em Trieste, ao nordeste da Itália.

Professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a cientista é reconhecida entre os seus pares por estudar anomalias da água, e por um número mais amplo de pessoas por fazer divulgação científica e atuar pela participação das mulheres em pesquisa.

Ela promete levar essas duas causas para a TWAS. “Para academia mundial eu vou com esses dois mantras: primeiro, a gente precisa de mais diversidade e mais mulheres. Eu vou levar mais nomes. Ao mesmo tempo, a gente precisa conversar mais com o público em geral, mostrar o conhecimento produzido pela ciência e mostrar como serve para as pessoas no dia a dia”, disse em entrevista à Agência Brasil.

De acordo com Márcia Barbosa, a ciência sofre hoje desafios inimagináveis anos atrás, como refutar a ideia de que a Terra é plana ou convencer famílias a vacinarem seus filhos. “Não tem razão para o crescimento do sarampo nos Estados Unidos”, comenta. Segundo ela, há um fenômeno mundial de “acreditar naquilo mais doido que aparecer, e não no conhecimento que passou pelo crivo de especialistas”.

Em sua opinião, o combate à desinformação já despertou preocupação de pesquisadores. “Os cientistas estão se dando conta de que precisam conversar mais com a população, falar, escrever e explicar.” Ela reconhece, no entanto, que, para alguns intelectuais, é difícil transpor o mundo acadêmico e as barreiras da linguagem. “A gente não tem formação para fazer isso, é doloroso para o cientista explicar de um jeito que não é muito preciso.”

Márcia Barbosa acredita que vai ser bem-sucedida em suas duas causas e que a diversidade é um instrumento de eficácia na ciência. “Quando a gente tem mais diversidade em um grupo de pesquisadores, pessoas diferentes com culturas e jeitos distintos de ver o mundo, os trabalhos têm mais citações.”

Mulheres e ciência

A busca da diversidade é a razão para a pesquisadora enfrentar a desigualdade de gênero que existe no Brasil e, especialmente, entre as ciências chamadas exatas. A Academia Brasileira de Ciências tem 938 membros associados. Desses, 801 (85,3%) são homens e 137 (14,7%) são mulheres.

A física Márcia Barbosa entra para Academia Mundial de Ciências junto com outros quatro colegas brasileiros. As biólogas Célia Regina Garcia e Luísa Lina Vila (ambas da Universidade de São Paulo, USP), o químico Edson Antonio Ticianelli (também da USP) e Wilson Savino, pesquisador titular e coordenador de Estratégias de Integração Nacional da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Com o ingresso desses brasileiros e de 31 estrangeiros escolhidos, a TWAS passará a ter, a partir de janeiro, 1.278 membros. Atualmente, há 21 membros brasileiros, sendo 16 homens e 5 mulheres.

Para incrementar a participação de mulheres nas ciências exatas o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) lançaram no segundo semestre do ano passado edital de R$ 3 milhões para a chamada “Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação”, que financia projetos de aproximação das escolas públicas da educação básica com as instituições de ensino superior.

O CNPq mantém o programa Mulher e Ciência para “estimular a produção científica e a reflexão acerca das relações de gênero, mulheres e feminismos no país” e para “promover a participação das mulheres no campo das ciências e carreiras acadêmicas.”

Edição: Lílian Beraldo

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