Tribuna Ribeirão
Ciência e Tecnologia

Ele aprendeu a programar na prisão e agora ensina milhares de alunos

Condenado a sete anos de prisão por posse ilegal de uma arma, Antoine Patton experimentou em primeira mão a dificuldade que os prisioneiros nos EUA tem para se comunicar com seus familiares. E-mails custam US$ 0,50 cada, tanto para enviar quanto para receber. Uma chamada telefônica custa US$ 1 o minuto. Cartas são submetidas a inspeção rigorosa, e quaisquer erros no envelopamento ou endereçamento podem fazer com que cheguem com meses de atraso, ou sejam devolvidas.

Ainda na prisão, Patton pensou em um sistema para facilitar o contato de pais encarcerados com seus filhos. Algo que cuidasse da parte “burocrática” do processo, como filtragem do conteúdo, endereçamento e envelopamento, para que as crianças tivessem que se preocupar apenas com a mensagem. Podia funcionar. Mas para transformar a ideia em realidade ele teria que aprender a programar.

Uma universidade local tinha um programa oferecendo cursos de graduação para os presos, entre eles um de desenvolvimento web. Na época Patton pensou que aquilo era “coisa para gênios” e deixou a oportunidade passar. Meses depois, quando encontrou um livro sobre programação em JavaScript que havia sido trazido por um dos professores, ele resolveu “experimentar”.

Quando estava em sua cela, Patton lia o livro. Quando tinha acesso ao laboratório de informática da prisão, ele testava código e praticava com os exemplos práticos. Nove meses depois ele pediu ajuda a outro preso com formação em ciência da computação, que concordou em ensiná-lo com uma condição: que ele também ensinasse outras pessoas a programar.

Em um ano, Patton já sabia o suficiente para ensinar outros presos. Foi aí que contatou um primo fora da cadeia com a idéia de criar uma organização sem fins lucrativos para desenvolver e operar o serviço, que foi batizado de Photo Patch e hoje conta com 25 mil usuários.

Honrando a promessa a seu professor, Patton também criou a Unlock Academy, com o objetivo de ensinar o público a programar. A meta era formar 2020 alunos em 2020, mas no total o programa, que custa US$ 40 mensais, recebeu mais de 10 mil interessados.

Reprodução

Antoine e Jay Jay. Pai e filha unidos pelo interesse pela programação

Sua primeira aluna fora da prisão foi sua filha, Jay Jay, que queria saber o que o pai tanto fazia no computador. Ela aprendeu o bastante para desenvolver a versão mobile do Photo Patch e hoje, aos 14 anos, ensina crianças e jovens dos 8 aos 15 anos a construir websites.

O interesse comum pela programação fez com que os dois se reconectassem. “Eu nunca realmente conheci meu pai, mas sempre o amei”, disse Jay Jay. “Então, quando ele voltou para casa e pude fazer as coisas com ele, e trabalhar ao lado dele, foi ainda mais incrível.”

Fonte: CNet

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