A Prefeitura de Ribeirão Preto garante que já recapeou 338 quilômetros de ruas e avenidas e investiu R$ 69.175.915,20, desde o começo de 2017, considerando vias recapeadas, em execução ou em licitação. No mesmo período a Operação Tapa-Buracos realizada pela Secretaria da Infraestrutura, teria contabilizado o fechamento de 74.300 metros quadrados de buracos.
A Administração afirma ainda, que desde fevereiro deste ano, para evitar o ressurgimento dos mesmos, passou a realizar o serviço na modalidade conhecida como tapa-buraco com recorte. Ao invés de colocar a massa asfáltica sobre a depressão e tirar o excesso com uma pá, é feito o recorte do buraco e o recapeamento do local.
Realizado por empresa terceirizada, o município diz que já foram investidos até o momento nessa modalidade, R$ 3.243.499,97. Em um total de 30,7 mil metros quadrados.
A mais recente ação da Prefeitura Municipal foi a abertura de licitação para recapear mais de 16 quilômetros de ruas e avenidas das zonas Leste e Norte. O processo licitatório ainda não foi concluído e irá contemplar 46 trechos dos bairros Cidade Universitária, Ipiranga, Lagoinha, Jardim Lacerda, Jardim Zara, Jardim Novo Mundo e Parque dos Lagos, numa área total de 135.210 metros quadrados. O investimento estimado é de R$ 5.749.220,13.
Reaparecem
Apesar dos números oficiais, os buracos teimam em reaparecer com freqüência nas ruas e avenidas de Ribeirão Preto. Vale lembrar que a estimativa de durabilidade de um asfalto novo ou dos buracos fechados com recorte é entre dez e quinze anos. Mas essa durabilidade parece não estar acontecendo em vários locais.
Para comprovar os problemas que têm atingido pedestres e motoristas oTribuna foi às ruas e fotografou vias importantes com buracos.
Ironicamente, comerciante agradece prefeito pelos buracos
Em tom de ironia, os comerciantes Leandro e Leonardo, proprietários de uma loja de pneus, alinhamento e borracharia, na rua Felipe Camarão, na Vila Virgínia, resolveram agradecer a Prefeitura pela manutenção dos buracos nas vias públicas da cidade.
Eles confeccionaram um banner e colocaram dentro do comércio com a seguinte mensagem: “Lele Pneus agradece e apoia o prefeito (a) de Ribeirão Preto por não dar manutenção de nossas ruas. Assim garantindo nossos empregos”.
O banner foi instalado há seis anos, ainda no governo da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido). Mas segundo Leandro, não foi retirado porque os buracos continuam no dia-a-dia dos motoristas da cidade. “E nós precisamos deles para sobreviver”, brinca. A borracharia realiza em média o conserto de vinte pneus danificados ou furados por dia.
Projeto quer responsabilizar Prefeitura pelos buracos
Proposta estabelece que no caso dos acidentes causados por problemas na malha viária da cidade a indenização seja automática e sem a necessidade do munícipe ter que recorrer à Justiça
Projeto de Lei em análise na Câmara de Vereadores prevê a responsabilidade da Prefeitura pelos danos causados em veículos por buracos, crateras e pedregulhos soltos em função do desgaste do asfalto provocado pela ação da natureza ou do homem. O autor da proposta é o vereador Isaac Antunes (PL).
Na prática, a medida quer agilizar as indenizações quando o veículo sofrer alguma avaria e evitar as ações judiciais que, regra geral, em função dos recursos judiciais, demoram muito tempo para uma decisão final.
A justificativa do vereador, é que além da demora, as ações geram um custo grande para o município, como o dos honorários que acabam sendo pagos pela Prefeitura.
Isaac Antunes anexou ao projeto três condenações contra a Prefeitura emitidas pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ/SP) por acidentes provocados em função de buracos na malha viária. A proposta determina ainda, que só terá direito a indenização, veículos matriculados no órgão de trânsito com jurisdição em Ribeirão Preto.
CPI
Atualmente o Legislativo também possui uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o serviço de tapa-buracos na cidade. Apesar de não ter sido concluída, a comissão entregou ao Ministério Público (MP), no começo do ano, documentos resultados das diversas reuniões e oitivas que colocariam em xeque a qualidade do trabalho realizado pela Prefeitura.
Na época, os vereadores verificaram a não existência de cronograma, que o serviço não era efetuado dentro das normas técnicas (com recorte, limpeza e remendo) desperdício de materiais e em alguns casos a compactação não era feita.
A próxima etapa da Comissão será ouvir os diretores da empresa terceirizada que realiza a operação Tapa Buracos em Ribeirão Preto.
Dados da Administração Municipal do final do ano passado revelaram que, na época, dos 1.500 quilômetros de ruas e avenidas pavimentadas em Ribeirão Preto, 225, ou seja, 15% apresentam problemas como, deteriorização ou buracos na malha viária. Diariamente, segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura eram, na ocasião, fechados 800 buracos nas ruas e avenidas.