Durante a visita a Ribeirão Preto para inauguração do Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep), a equipe do governador João Doria (PSDB) teve muito trabalho para evitar que o tucano fosse abordado por alguns manifestantes que tentaram se aproximar dele durante a cerimônia.
A assessoria trocou três vezes o local em que seria realizada a coletiva de imprensa. O primeiro deles – próximo ao palco oficial e ao pátio onde os policiais fizeram apresentações ao som da banda da Polícia Militar – foi descartado sob a justificativa de que o barulho era muito alto e impediria a qualidade da entrevista.
Neste local, a estudante de Direito Maria Eduarda Alencar aguardava ansiosa a chegada de Doria para tentar lhe entregar fotos dos noves jovens mortos recentemente na Favela de Paraisópolis. Eles morreram durante a operação da Polícia Militar em um baile funk realizado no local que reuniu cinco mil pessoas.
Os laudos sobre a causa da morte revelam que eles foram pisoteados. Os policiais que atuaram na ação foram afastados dos serviços. A estudante estava acompanhada do professor da rede estadual de Educação, Fábio Sardinha.
Ele afirmou que também iria questionar o governador sobre a reforma da previdência estadual enviada para análise da Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp) e sobre o que chama de “desvalorização da categoria”. Sardinha é filiado ao Partido dos Trabalhadores da cidade e é um dos cinco pré-candidatos da legenda à prefeitura de Ribeirão Preto.
A definição de quem representará o PT no pleito será feita no começo de janeiro de 2020. Já o segundo local da coletiva era uma sala do quartel da Polícia Militar, distante do evento. Depois de alguns minutos, quando a imprensa e o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) já estavam no cômodo, a assessoria do governador transferiu novamente a entrevista.
Desta vez, para o segundo andar do quartel, onde funcionará o Baep. Lá, o governador já esperava pela imprensa em uma sala onde concedeu a entrevista. Entretanto, a estudante não pôde entregar as fotos porque o material e sua mochila ficaram do lado de fora, guardados por uma policial.
O governador também preferiu evitar temas polêmicos e não respondeu aos questionamentos feitos pelo professor Fábio Sardinha. Inicialmente barrado pelos assessores, ele foi liberado para participar da entrevista. Justificou que faz parte da imprensa por ter um programa de TV em uma emissora da cidade.
Na sede do novo Baep, o Governador anunciou, ainda, a expansão do aplicativo “Hora Marcada”, para as oito Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município de Sertãozinho. O piloto começou em Ribeirão Preto, em julho deste ano e já está funcionado em todas as 51 UBSs da cidade. Até o momento, 20,9 mil moradores se cadastraram e geraram 13,6 mil agendamentos, 3,7 mil cancelamentos e 628 reagendamentos.