Fechado desde dezembro de 2015, quando foi parcialmente destruído por um incêndio de grandes proporções, o Museu da Língua Portuguesa, na Luz, Centro de São Paulo, vai reabrir as portas no dia 25 de junho de 2020. O anúncio foi feito pelo governador João Doria (PSDB) nesta segunda-feira, 16 de dezembro.
As obras do museu foram concluídas na tarde de ontem. Ao todo, a revitalização custou R$ 81,4 milhões – a maior parte do valor foi financiado com o dinheiro do seguro pelo incêndio, além de empresas privadas. “Todos os que estão envolvidos vão cumprir este prazo para que, no dia 25 de junho, então até a metade do ano que vem, o museu possa estar novamente entregue à população”, disse Doria.
Entre as novidades na estrutura física, o Museu da Língua Portuguesa ganhou um acesso direto pela Estação Luz, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) – uma aposta do governo para atrair mais público. A estimativa é de 600 mil visitantes no primeiro ano da reabertura. No último andar, também está previsto funcionar um café a céu aberto, com vista para o Parque da Luz e a Pinacoteca. O equipamento não existia antes.
Público geral poderá visitar a partir do dia 27
O governo publicou chamamento para definir a organização social que ficará responsável por administrar o Museu da Língua Portuguesa. Os seis meses, quando permanecerá fechado, devem servir para tratar de questões administrativas e burocráticas, e também organizar o acervo.
Segundo a gestão Doria, no dia da inauguração está previsto um evento com a presença de presidentes e representantes de países lusófonos, sem a presença de público. Já no dia seguinte, 26 de junho, a visitação ficará restrita às pessoas que trabalham nas obras. Só no dia 27 é que o público em geral poderá conferir o Museu da Língua Portuguesa. Na ocasião, um sábado, a entrada será gratuita.
“O Museu da Língua Portuguesa será ainda mais interativo do que já foi, isso cativa pessoas. Crianças, jovens e adultos, inclusive as pessoas com deficiência terão aqui a oportunidade desta interação. A tecnologia ajuda e contribui com a inclusão”, destacou o governador. Em quase dez anos de funcionamento entre 2006 e 2015, o Museu da Língua Portuguesa recebeu cerca de quatro milhões de visitantes.
A restauração do Museu da Língua Portuguesa abrangeu serviços de recuperação de fachadas e esquadrias e reconstrução da cobertura e espaços internos. Também foram realizadas ações de conservação da cobertura da Ala Oeste, que não foi atingida pelo incêndio.
A área ocupada pelo museu foi expandida. A readequação interna inclui novos espaços, como um café no terraço com vista para o Parque da Luz e integração dos pátios laterais, que darão acesso aos saguões e ao local em que é possível observar a Estação da Luz.
Reforço contra incêndio
O restauro trouxe melhorias de infraestrutura e segurança contra incêndios, como a instalação de sprinklers (chuveiros automáticos). O museu também terá certificação ambiental e atenderá de forma mais ampla a acessibilidade. As diretrizes de sustentabilidade pautaram toda a obra, com foco na obtenção do selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) – um dos mais importantes do mundo na área de construções sustentáveis – na categoria Silver.
Entre as medidas estão a adoção de técnicas para economia de energia na operação do museu; a gestão de resíduos durante as obras; e a utilização de madeira que atende às exigências de sustentabilidade (certificada e de demolição). Para a construção da nova cobertura, foram empregadas 89 toneladas (67 m³) de madeira certificada proveniente da Amazônia.
A reconstrução foi aprovada e acompanhada de perto, em todas as etapas, pelos três órgãos do patrimônio histórico: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat); e Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).
O Museu da Língua Portuguesa celebra o idioma como elemento fundador e fundamental da nossa cultura. Por meio de experiências interativas, conteúdo audiovisual e ambientes imersivos, o visitante será conduzido a um mergulho na história e na diversidade do nosso idioma.
Em sua expografia renovada, o Museu terá experiências inéditas, como “Línguas do Mundo”, que destaca 20 das mais de 7 mil faladas hoje; “Falares”, que traz os diferentes sotaques e expressões no Brasil; e “Nós da Língua Portuguesa”, que aborda sua presença no mundo, com a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Permanecem no acervo experiências de grande comunicação com o público, como a instalação “Palavras Cruzadas”, que mostra as línguas que influenciaram o português no Brasil; e a “Praça da Língua”, espécie de “planetário do idioma” que homenageia o português escrito, falado e cantado, em um espetáculo imersivo de som e luz.
Isa Ferraz, que realizou a curadoria do Museu da Língua Portuguesa em 2006, ocasião de sua abertura, e Hugo Barreto, que integra agora a equipe responsável pela museografia, formam a equipe de conteúdo da instituição. Ao longo do primeiro semestre de 2020 serão realizadas atividades culturais com o objetivo de manter o museu em comunicação com o público antes de sua reabertura.