Por Guilherme Sobota
A homenageada da 18ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, em 2020, será a escritora americana Elizabeth Bishop (1911-1979), marcando a primeira vez que a Flip celebra um autor estrangeiro. A Flip 2020 ocorre de 29 de julho a 2 de agosto, em Paraty, no litoral sul fluminense.
A escolha de uma autora não brasileira, poeta e pouco afeita a questões políticas contrasta com o homenageado da edição de 2019, Euclides da Cunha. A obra do autor de Os Sertões trouxe carga política à festa. Para o ano que vem, porém, a curadora Fernanda Diamant preferiu outro caminho. “Ela é uma das maiores poetas do século 20, teve uma história trágica, e uma vivência com o Brasil muito ambígua entre o elogio e a crítica”, explica. “Ela se incomoda com uma série de coisas com que a gente também se incomoda.”
Bishop tem uma forte conexão com o Brasil. Em 1951 – ainda antes de ganhar o Prêmio Pulitzer em 1956 -, ela aportou em Santos com a intenção de permanecer duas semanas, mas acabou se apaixonando pelo País e pela arquiteta Lota de Macedo Soares (1910-1967), e viveu aqui por 15 anos, entre o Rio e Petrópolis.
Consagrada e premiada, Bishop na verdade publicou menos de 10 livros em vida. Um deles é An Anthology of Twentieth Century Brazilian Poetry (Uma Antologia da Poesia Brasileira do Século 20), editado por ela e com poemas traduzidos por Bishop e outros tradutores. João Cabral de Melo e Neto e Carlos Drummond de Andrade têm poemas ali, entre outros autores.
A obra de Bishop é publicada no Brasil pela Companhia das Letras Uma Arte: As Cartas de Elizabeth Bishop (1995), Poemas Escolhidos (2012) e Prosa (2014) estão à venda nas livrarias e no site da editora.
Embora nenhum autor tenha sido confirmado no evento, o nome da escolhida dá algumas pistas. Paulo Henriques Britto traduziu todos os seus livros publicados aqui. O romancista americano Michael Sledge lançou em 2010 o romance A Arte de Perder, sobre a história de amor da autora no Brasil. Flores Raras e Banalíssimas, livro da escritora carioca Carmen L. de Oliveira, também foi usado como base do filme Flores Raras (2013), de Bruno Barreto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.