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Desmatamento recorde e aumento das queimadas

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divul­gou na última segunda-feira os dados anuais de desmatamento da Amazônia. Os estados do Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas foram responsáveis por 84% do total desmatado no período. As informações são projeções, cujos dados devem ser divulgados oficialmente em maio do ano que vem. Entre agosto de 2018 e julho de 2019, o Brasil bateu o recorde do desma­tamento na Amazônia desta década. Foram destruídos 9.762 km², um crescimento de 29,5% em comparação com o ano anterior. O aumento deste ano é o terceiro maior da história.

Um dos argumentos mais usados por Jair Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para tentar justificar o aumento das queimadas na Amazônia – de que o fogo tinha origem nas roças de pequenos agricultores e indí­genas – foi desmentido por pesquisadores de universidades do Brasil e do Reino Unido. Estes cientistas divulgaram um artigo na revista científica Global ChangeBiology, analisando as alegações do governo brasileiro. Para eles, há fortes evidên­cias de que o aumento no número de queimadas está relacio­nado diretamente à alta nas taxas de desmatamento.

Muitos deles preferiram não assinar o artigo científico, num claro sinal de que os tempos são sombrios para a ciência e o conhecimento no Brasil. Segundo eles, a “alta incidência dos incêndios decorrentes do processo de desmatamento foi con­sistente com as imagens de queimadas em larga-escala ocor­rendo em áreas desmatadas, enquanto que as enormes plumas de fumaça atingindo altos níveis atmosféricos só poderiam ser explicadas pela combustão de grandes quantidades de biomas­sa vegetal.” Além disso, o aumento de incêndios ocorreu apesar da ausência de uma seca extrema, um fator que geralmente é um forte determinante da ocorrência de incêndios.

O relatório do INPE divulgado esta semana é o retrato mais contundente do desastre ambiental a que o governo Bol­sonaro está submetendo o Brasil. A destruição de 9.762 quilô­metros quadrados de floresta entre agosto de 2018 e julho de 2019 é um recorde. Esta verdadeira catástrofe é resultado do aniquilamento da política ambiental brasileira e das posições de Bolsonaro de estímulo à destruição do bioma amazônico. O presidente de extrema-direita se manifesta seguidamente no sentido de autorizar e até incentivar o desrespeito ao meio ambiente, sobretudo na Amazônia.

Bolsonaro desautorizou a ação dos fiscais, atacou as re­servas indígenas e florestais, defendeu os garimpeiros ile­gais, prometeu liberar a exploração de minérios em áreas de preservação, atacou o INPE, chegando a exonerar seu dire­tor, entrou em confronto com governantes de outros países preocupados com os incêndios na Amazônia, pronunciou um discurso virulento na ONU contra os defensores do meio am­biente e, na semana passada, revogou o decreto que proibia o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia.

Podemos concluir que o desmatamento é decorrência direta da estratégia implementada por Bolsonaro de desmontar o Ministério do Meio Ambiente, desmobilizar a fiscalização e engavetar os planos de combate ao desmatamento dos gover­nos anteriores. Ele claramente empodera, no seu discurso, os criminosos ambientais. Para Cristiane Mazzetti, do Greenpea­ce, “a combinação de altas taxas de desmatamento com a falta de governança sacrifica vidas, coloca o país na contramão da luta contra as mudanças climáticas e traz prejuízos à economia, uma vez que o mercado internacional não quer comprar pro­dutos contaminados por destruição ambiental e violência.”

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