“Apesar do valor real dos serviços que oferecem, as plataformas do Google e do Facebook têm um custo sistêmico. Os modelos de negócios dessas companhias baseados em monitoramento forçam as pessoas a fazerem uma barganha de Fausto, pela qual elas aproveitam online seus direitos humanos ao se submeterem a um sistema que implica em abusos desses direitos”, diz parte do documento.
“Primeiramente, é um ataque contra o direito a privacidade numa escala sem precedentes, e posteriormente um efeito cascata que oferece riscos a uma série de outros direitos, de liberdade de expressão e opinião a liberdade de pensamento e direito a não discriminação”, continua. “Essa não é a internet que as pessoas esperavam”, conclui o documento.
A Anistia Internacional pede por regulação governamental, e afirma que o modelo de autorregulação dessas empresas se esgotou “O Google e o Facebook estabeleceram políticas e processos para responder aos seus impactos em privacidade e liberdade de expressão, mas, dado que seus planos de negócios baseados em monitoramento afetam a essência do direito à privacidade e colocam em sério risco outros direitos, as empresas não estão nem adotando uma postura holística, ou questionando se os seus modelos de negócios são compatíveis com responsabilidade de proteger os direitos humanos”, diz o documento.
O Facebook não concorda com o documento. “Discordamos fundamentalmente do documento. Nosso modelo de negócios é como grupos como a Anistia Internacional, que tem anúncios no Facebook, alcança apoiadores, levanta fundos e avança a sua missão”, disse um representante da companhia.
O Google emitiu um comunicado dizendo que a empresa está trabalhando para dar às pessoas mais controle sobre os seus dados. “Reconhecemos que as pessoas confiam a nós suas informações e temos responsabilidade de protegê-la. Nos últimos 18 meses, fizemos mudanças significativas e construímos ferramentas para dar às pessoas maior controle sobre suas informações”.