O técnico Hemerson Maria, comandante do Botafogo nesta edição da Série B, é o único treinador negro trabalhando na segunda divisão do futebol brasileiro. Na semana da consciência negra, o treinador falou sobre o assunto e opinou sobre o “racismo velado” que existe no meio do futebol.
“Nunca sofri ofensas raciais diretas, sempre foi uma coisa velada, mas sempre percebi uma grande resistência. Eu ouvi coisas que meus colegas não ouviam. Diziam, por exemplo, que eu não era técnico para aquele time”, disse Maria.
Dentre os 40 técnicos que integram os 40 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, além de Maria, apenas mais dois negros estão empregados. Marcão, no Fluminense, e Roger Machado, no Bahia. Segundo Maria, é importante que a luta continue, para que cada vez mais os negros busquem seu espaço na sociedade.
“A gente precisa continuar essa luta para ocupar o nosso espaço na sociedade. Não é vitimização. É algo que todos sentem. Enquanto os outros matam um leão por dia, nós temos de matar dois leões e um urso por dia”, comparou o treinador botafoguense.
O Botafogo, inclusive, divulgou uma campanha no Dia da Consciência Negra. No vídeo publicado pelo clube, os jogadores Leandro Amaro, Willian Oliveira, Tiago Cardoso, Erick Luís e Baiano citam várias ofensas e xingamentos que já escutaram durante a vida. E termina com um recado dos jogadores e a mensagem: Botafogo contra o racismo.
O racismo no futebol tem sido tema recorrente ao redor do mundo. Recentemente, os jogadores Dentinho e Taison, do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, foram hostilizados durante uma partida do Campeonato Ucraniano. O atacante italiano Mario Balotelli, do Brescia, também sofreu ofensas raciais em jogo da primeira divisão do futebol italiano. Os casos são muitos e frequentes, por este motivo, a Fifa, entidade máxima do futebol, estuda modelos de punição mais severos para quem cometer delitos deste âmbito dentro dos estádios.