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A consciência nossa de cada dia

Caro leitor, vou contar com sua complacência para dedicar parte de seu precioso tempo em mais uma reflexão. Falar sobre o mês da consciência, mais do que uma necessidade é minha obrigação. E não falo apenas em causa própria, trago comigo uma multidão. Cansada da intolerância e da discriminação.

Desde quando o movimento negro passou a comemorar o dia de 20 de novembro, algumas vozes insistem em transformar a data em tormento. Ficam muito incomodados pregando que preconceito não existe. Estão cegos e não enxergam que o racis­mo e a discriminação ainda persistem. Falam em consciência humana e que todos são iguais, mas esquecem de que só nesta semana tivemos dezenas de casos, no Brasil e internacionais.

Começou com Taison e Dentinho no Campeonato Ucra­niano, passou por dois torcedores do Galo Atleticano. Até o porta-voz do MBL foi acusado de agredir uma cozinheira e a empresa de terceirização não quer “gorda, nem negra” em suas fileiras. Um ou outro caso isolado, você poderia dizer. Mas olhe bem ao seu lado, preste atenção para compreender, na fila do desemprego, no salário reduzido, bala perdida, no barraco da favela, do jovem assassinado… É possível não ver? 131 anos se passaram e muita coisa mudou, mas existe algo enraizado, que nem o tempo levou.

A diferença na cor da pele foi usada para justificar a escra­vatura e apesar da abolição, continua em nossa cultura. Tem aqueles que não falam, mas no fundo acreditam e tem os que não se aguentam e logo exteriorizam. Ignoram que melanina é uma proteína que determina a nossa coloração e não pode ser usada como critério para contratação. Quantos empresá­rios continuam com a indecência de empregar trabalhadores pela cor ou aparência. E o cabelo bom, quem é que tem? Como pode o cabelo determinar o futuro de alguém? Sendo crespo, cacheado até mesmo carapinha, se foi descolorido ou alisado a vida não é minha?

A discriminação racial direta está em nosso cotidiano e o crime de ódio cada vez mais aumentando. O racismo institu­cional é menos direto e evidente. Um exemplo é a abordagem policial e desconfiança de seus agentes. O Racismo estrutural está mais presente no seu dia-a-dia. Veja na sua empresa quantos negros tem chefia? A situação é bem pior quando fal­ta a lucidez, tem os que gostam de humilhar e se desculpam com desfaçatez.

Se a educação é fundamental para o desenvolvimento da nação, garantir o acesso é o início da transformação. Por isso nem tudo está perdido é tempo de esperançar. Pela primeira vez na história, negros são maioria nas universidades públicas e vamos comemorar. Este é um reflexo das políticas de inclusão, tão combatidas por aqueles que se achavam donos da nação.
Quero convidar você para ser agente da mudança. Não classifique pessoas pela cor, respeite o idoso e a criança. Rea­lize um debate crítico dentro de seu trabalho ou família. Nada de apelidos, tenha maturidade. Converse com seus amigos, sem rancor ou maldade. Lutar por um mundo melhor, sem preconceito e com mais respeito é obrigação de cada um, não importa se branco, amarelo ou negro. E como dizia Zumbi, nosso primeiro herói nacional: “É chegada a hora de tirar nossa nação das trevas da injustiça racial”.

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