Tribuna Ribeirão
Economia

Vendas Natal vai mobilizar 120 milhões de pessoas

ALFREDO RISK/ ARQUIVO

Mesmo com o orçamento apertado, a maior parte dos brasileiros não vai abrir mão de garantir os presentes de Natal, a data mais importante para o varejo tanto em volume de vendas quanto em fatura­mento. A conclusão é de uma pesquisa feita em todas as ca­pitais pela Confederação Na­cional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Pro­teção ao Crédito (SPC Brasil).

De acordo com o levanta­mento, 77% dos consumidores devem presentear alguém no Na­tal deste ano, percentual próximo aos 79% que fizeram compras na data do ano passado. Isso significa que, acompanhando os passos da retomada gradual da economia no pós-crise, aproximadamente 119,8 milhões de brasileiros de­vem ir às compras este ano.

Considerando somente a aquisição de presentes natali­nos, a injeção de dinheiro na economia deverá ser da ordem R$ 60 bilhões no comércio e no setor de serviços, a cifra é próxima à soma do movimen­to estimado em datas como Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados e Dia das Crianças deste ano, o que aju­da a ter uma ideia da magni­tude da importância do Natal para a economia do país.

De acordo com a pesquisa, 17% dos consumidores ainda não decidiram se vão adquirir presentes e apenas 7% declara­ram abertamente não terem a intenção de presentear tercei­ros. Entre aqueles que não pre­tendem presentear no Natal, a principal justificativa é a falta de dinheiro (39%). Há ainda 15% de entrevistados que não têm o costume e outros 15% que estão desempregados.

Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizza­ro Júnior, a pesquisa demons­tra que a força simbólica e cul­tural do Natal se sobrepõe às adversidades que os brasileiros ainda lidam com as finanças pessoais. “O Natal é o período mais aguardado do ano para consumidores e comerciantes e dá indícios de que a disposi­ção dos brasileiros para consu­mir está retornando, ainda que aos poucos”, diz.

“Mesmo que a recente li­beração dos recursos do FGTS vá, principalmente, para o pagamento de dívidas, o co­mércio pode se beneficiar da medida para novas vendas, pois esses consumidores esta­rão recuperando seu crédito na praça. De modo geral, os dados comprovam que o há­bito de presentear nesta data é cultural entre os brasileiros e sobrevive mesmo quando há dificuldades econômicas”, ex­plica a Pellizzaro Júnior.

Tíquete médio
Em média, os consumido­res ouvidos pelo levantamento devem adquirir quatro presen­tes. Já o tíquete médio, ou seja, o valor a ser gasto pelo consu­midor com cada item compra­do, será de R$ 124,99, cifra que sobe para R$ 143,26 entre os consumidores das classes A e B e cai para R$ 119,11, entre os de mais baixa renda. Há, con­tudo, uma parcela considerável de 23% de consumidores que ainda não se decidiu quanto ao valor a ser desembolsado.

De modo geral, a maior parte (37%) dos consumido­res acredita que vai gastar mais no Natal deste ano na compa­ração com 2018. A principal justificativa é o fato de terem economizado ao longo do ano e, agora, se sentem com mais liberdade para gastar (29%). Já 27% mencionam o aumen­to dos preços, fato que acaba pressionando os gastos para cima e 26% que desejam com­prar presentes melhores.

Os que vão diminuir os gastos na comparação com o Natal passado somam 22% dos entrevistados, motivados pela necessidade de economi­zar (38%), por estarem com o orçamento apertado (31%) ou por terem outras prioridades de compra (15%). Neste ano, o pagamento à vista será o meio mais utilizado pela maioria dos entrevistados ouvidos (72%), seja em dinheiro (56%) ou no cartão de débito (34%).

Os que vão se utilizar de alguma modalidade de crédito somam 56% dos compradores, sendo que o cartão de crédito parcelado lidera, com 36% de menções, seguido do cartão de crédito em parcela única (20%) e do cartão de loja (8%). Para quem vai dividir o valor da compra em parcelas, a mé­dia é de cinco prestações. Isso significa que quem comprar os presentes neste mês de novem­bro ou dezembro, estará com a renda comprometida com prestações pelo menos até os meses de abril e maio de 2020, respectivamente.

Segundo opinião dos pró­prios entrevistados que irão dividir o pagamento das com­pras, o parcelamento é a estraté­gia que 44% dos consumidores usam para conseguir comprar todos os presentes que precisam. Já 33% parcelam para comprar presentes de melhor qualidade. O mesmo percentual de 33% alega que parcela por hábito, mesmo tendo condições finan­ceiras de adquirir os presentes à vista, pois assim garantem sobras no orçamento.

Na busca por comparar as ofertas, a internet se mostra como a principal aliada, já que 80% vão usar sites e aplicativos para essa tarefa. Há ainda 70% que vão gastar sola de sapato para encontrar boas ofertas, seja caminhando por lojas de rua (45%) ou em estabeleci­mentos dentro de shopping centers (45%).

Por mais um ano as rou­pas permanecem na primei­ra posição do ranking (58%) de produtos mais procurados para presentear no Natal. Em segundo lugar ficaram os brin­quedos (40%). Também mere­cem destaque perfumes e cos­méticos (34%), calçados (32%) e acessórios (25%).
Livros (17%) e smar­tphones (14%) completam o ranking. Na hora de receber os presentes, os mais lembrados serão as mães (48%), cônjuges (46%), filhos (40%) e sobri­nhos (24%). No geral, o pre­sente mais caro será destinado, sobretudo, aos filhos (27%) e às mães (23%).

Metodologia
Foram ouvidos 686 con­sumidores nas 27 capitais para identificar o percentu­al de quem pretendia ir às compras no Natal e, depois, a partir de 600 entrevistas, investigou-se em detalhes o comportamento de consumo no Natal. A margem de erro é de no máximo 3,7 e 4,0 ponto percentual, respectivamente. A uma margem de confiança de 95%.

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