Tribuna Ribeirão
Economia

Governo admite a volta da CPMF

FÁBIO POZZEBOM/AG.BR.

Depois de taxar o seguro­-desemprego em 7,5% e forçar o trabalhador a bancar o novo programa de geração de em­prego de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e sua patota, o atual governo já começa a pensar em uma nova forma de onerar o bolso do contribuinte. O secre­tário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, admitiu nesta quarta-feira, 13 de novembro, que continua no radar do governo federal a cria­ção de um imposto nos moldes da extinta Contribuição Provi­sória sobre Movimentação Fi­nanceira (CPMF) – o “imposto do cheque”.

A medida seria uma forma de compensar a desoneração na folha de pagamentos. Em entrevista à Rádio Eldorado, ele afirmou que, caso o progra­ma Emprego Verde e Amarelo dê certo, o Executivo vai buscar alternativas para viabilizar uma maior redução de custos da folha, o que demandaria com­pensação fiscal. “Possibilidade é de que, dando certo o progra­ma, vamos tentar, de alguma forma, buscar uma alternativa para viabilizar fiscalmente a ampliação do programa”, afir­mou Marinho, quando per­guntado sobre a possibilidade de criação de uma nova taxa.

Segundo o secretário, o ob­jetivo é, antes, utilizar o pro­grama Verde e Amarelo como um “piloto” para construir na sociedade o consenso sobre a importância da desoneração da folha de pagamento. “A ideia é que possamos diminuir ainda mais o custo de contratação de trabalhadores de baixa renda no Brasil para aumentar a emprega­bilidade”, defendeu. Ele lembrou que a Lei de Responsabilidade Fiscal determina que a criação de uma nova despesa seja sem­pre compensada por uma nova fonte de receitas ou pela elimina­ção de outro gasto.

“Vai ter que se criar as condições para que isso possa ser concretizado e as formas para que isso vá ocorrer, acho que o próprio Parlamento e o governo oportunamente vão conversar.” O financiamento da desoneração é justamente o ponto que tem atraído resis­tência ao programa Emprego Verde e Amarelo, anunciado pelo governo federal na última segunda-feira (11).

O governo pretende taxar em 7,5% o seguro-desemprego para financiar a criação de vagas para jovens de 18 a 29 anos por meio da redução dos custos de contratação. Sobre as críticas à ideia, Marinho disse que não vê problemas na medida. “Estamos permitindo que o cidadão use esse tempo do seguro-desem­prego como tempo de contri­buição para Previdência”, disse o secretário. O argumento do governo é de que há uma série de ações judiciais que pedem que o tempo de recebimento do benefício seja contabilizado para contribuição ao Instituto Nacio­nal do Seguro Social (INSS), o que a taxação vai garantir.

Segundo o secretário, cabe ao Congresso definir se a mo­dalidade de financiamento é adequada. “Se os parlamentares entenderem que essa contribui­ção é válida, vão aprová-la e, se entenderem que é necessário haver uma outra fonte, vão se debruçar sobre o Orçamento e apontar uma despesa que deve ser cortada para financiar o programa”, pontuou.

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