Tribuna Ribeirão
Cultura

Santos Dumont é o novo herói da HBO

DIVULGAÇÃO/HBO

Um herói à brasileira. É as­sim que a HBO pretende levar ao público a história de Alberto Santos Dumont (1873-1932), famoso inventor que ganhou a alcunha de “Pai da Aviação” (apesar de a história dar o cré­dito aos irmãos Wright). A sé­rie nacional “Santos Dumont”, que faz um resgate histórico do Brasil na reta final da escra­vidão, estreou no último do­mingo, 10 de novembro, às 21 horas, e vai revelar o lado mais humano do ícone brasileiro, mostrando seus erros, tentati­vas e, obviamente, acertos.

Aliás, essa é a tônica desse novo projeto: como tornar o icônico aviador em alguém de carne e osso. “Desde o princí­pio, o aspecto mais interessante nesta produção é que nós sem­pre tentamos humanizar ao máximo o personagem”, expli­ca João Pedro Zappa, ator que interpreta nas telas o famoso Alberto Santos Dumont.

“Não é muito difícil cons­truir a personalidade de um herói, daquela pessoa que nunca erra. Porém, eu acredi­to que, no caso dos trabalhos biográficos, o mais relevante é mostrar essa figura em seu aspecto mais íntimo, já que seu legado jamais poderá ser anulado”, diz Zappa.

Ou seja, não espere nada menos do que um profun­do mergulho na mente e nos dramas pessoais do inventor, que por sinal são muitos (sem spoiler) e prometem impres­sionar o público. E essa busca em querer dar profundidade a Dumont, segundo Roberto Rios, vice-presidente corpora­tivo de Produções Originais da HBO América Latina, vem da preocupação de toda a equipe em não fazer apenas uma “cari­catura” do aviador.

“É fácil fazer uma fanta­sia de Santos Dumont para o Halloween. Basta o bigode, o chapéu Panamá e, em poucos instantes, qualquer pessoa com o mínimo de fisionomia vai conseguir se parecer com ele. Isso não é fazer o Santos Dumont, mas, sim, criar uma caricatura dele”, explica Rios. Não à toa, o projeto ficou por quase três anos preso na fase inicial de pesquisas. Nesse meio tempo, os diretores Es­tevão Ciavatta e Fernando Acquarone foram de Ribeirão Preto a Champs-Elysées, Pa­ris, com direito a visitas à casa do inventor na cidade france­sa e à fazenda de café da famí­lia Dumont, aqui na região.

É por isso que os diretores apontam a dificuldade técnica da história como o principal motivo que teria deixado San­tos Dumont por tantos anos na ‘penumbra’ das produções au­diovisuais. “É uma série histó­rica, da virada do século, com aeronaves, balões e um cená­rio de época. Ao todo, quatro idiomas serão utilizados pelos atores”, diz Ciavatta.

Réplicas
Todas as invenções de Santos Dumont serão retratadas na tele­visão, em um longo processo de criação que envolveu o emprés­timo de algumas réplicas, como é o caso do 14-Bis. O famoso avião veio do empresário Alan Calassa, que deixou sua réplica perfeita – criada com bambus, madeira e metal –, juntamente com a réplica do Demoiselle, outra famosa criação do inven­tor, aos cuidados da HBO.

No entanto, muito do que se vê na série foram projetos feitos pela própria produção. “Seus desenhos técnicos, que hoje em dia já não existem mais, foram recriados pelo nosso departamento de arte, em um trabalho muito minu­cioso”, conta Acquarone. Além dos esboços, a equipe também reconstruiu outras importantes invenções de Dumont, como o Dirigível nº 6, por exemplo.

Já para recriar as inúmeras cenas de voo, foi necessária uma série de experimentações por parte da equipe – algo mais San­tos Dumont, impossível, pois a ideia era diminuir ao máximo o uso de efeitos especiais. “Os voos de balão foram feitos com o au­xílio de um guindaste e ficaram incrivelmente parecidos.

Mas, até lá, foram necessá­rios inúmeros testes com todos: com a equipe de construção, de efeitos especiais, de segurança e do apoio dos dublês”, explica Ciavatta. Todo esse esforço, se­gundo Rios, tem um propósito ainda maior. “O mundo inteiro conta a história de seus perso­nagens, de sua cultura e de seus heróis, porém, nós aqui temos o histórico de simplesmente es­quecer. Será que as pessoas sa­bem por que o aeroporto se cha­ma Santos Dumont?”, questiona.

Tendo isso em mente, restará ao público descobrir as várias fa­cetas e os mistérios que rondam a personalidade de Dumont – assim como promete Acqua­rone -, que será “retratado na história em toda a sua brasilida­de”. “Queremos que as pessoas fiquem apaixonadas por ele, da mesma forma que nós ficamos, e que deem a ele o merecido cré­dito de inventor do avião, pois ele, de fato, o é”, finaliza Ciavatta.

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