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A história de João Luís, desde os 16 anos no mesmo local de trabalho

FOTOS: JF PIMENTA

Aos 16 anos de idade, João Luís Eduardo Maritan deixou a Fazenda São Joaquim, entre Ribeirão Preto e Cravinhos, para morar na cidade. O pai, que administrava a proprie­dade, veio em busca de novas oportunidades. João Luís, na primeira semana, arrumou um emprego. Foi o único. Está no mesmo lugar até hoje. A antiga fábrica de mó­veis não existe, no local, ele e os filhos restauram móveis.

“Minha família veio mo­rar no bairro. Naquela épo­ca você andava e via as pla­cas de contrata-se. Aqui era uma fábrica de móveis, uma marcenaria. Eu vi a placa e na semana seguinte estava contratado. Estou aqui até hoje”, conta.

João Luís, da fazenda para a marcenaria, hoje fábrica de restauro. Sempre no primeiro emprego

A fábrica era a Móveis Dauri. João Luís lembra com carinho dos patrões. “Entrei aqui em 15 de maio de 1973. Fui empregado por 33 anos. Eles me acolheram e ensina­ram muita coisa. O senhor Célio era professor no giná­sio Industrial (hoje ETEC). Depois veio a crise e até pela idade, eles pararam”.

O negócio fechou, mas João Luís comprou algumas máquinas e alugou o pré­dio na rua Tereza Cristina, 312, nos Campos Elíseos. A marcenaria com o tempo foi dando lugar a uma fábrica de restauração de móveis.

 
Os filhos Marcelo e Luís seguiram os caminhos do pai

“Foi natural. As pessoas começaram a nos procurar. Fomos nos especializando. Hoje graças a Deus temos muita procura, na verdade, temos serviço até março do ano que vem. Se for urgência a gente não consegue porque tem muita coisa pra fazer”.

Filhos
Naturalmente também os filhos começaram a trabalhar com João Luís. Marcelo, de 34 anos, e Luís, de 29, vi­vem o dia a dia com o pai. Estão em sintonia. “A gente sabe quando um tá mais pra baixo. Ai a gente anima né”, brinca o pai.

Harmonia: família unida dentro e fora do trabalho

“É um ambiente ótimo, nos damos muito bem. Cada um foi se especializando em uma coisa. Eu, por exemplo, faço os detalhes de lixar e re­parar os móveis, meu irmão faz o acabamento, mas meu pai já faz tudo”, diz Marcelo, em meio às risadas. “Temos sintonia. Quando um não pode vir ou tira férias, não tem problema, a gente toca o barco”, completa João Luís. “O nome fantasia da empre­sa é MJL, iniciais de Marcelo, João e Luís, mas nós costu­mamos dizer que é Móveis João Luís, porque meu pai que sabe tudo”, brinca tam­bém Luís, o filho mais novo.

Arte de restaurar
Os três dizem que restau­rar é uma arte. Exige paci­ência. “Mas a gente faz com amor. Eu gosto do que faço. Não me vejo em outro lugar”, ressalta o pai. “Cada peça tem um detalhe. São madeiras nobres e nós deixamos o mó­vel do jeito que o cliente quer. Não se ensina isso na escola. É no dia a dia mesmo”.

A primeira lata. Uma obra de arte

João Luís e a primeira lata. Obra de arte criada com pinceladas aos longos dos anos


Quando chegou em 15 de maio de 1973 na Móveis Dauri, João Luís ganhou uma pequena lata de tinta vazia. Serviria para preparar o verniz e aplicá-lo nos móveis. A cada pincelada uma batida na lata, com o resto do verniz escorrendo. João Luís não limpou a lata. Praticamente todos os trabalhos foram feitos na mesma lata e o resultado das pinceladas, depois de quase 50 anos, foi uma verdadeira obra de arte. “A minha vida tá aqui”, brinca João Luís. “Muita gente chega e pergunta quanto eu quero pela lata. Não vendo. É a história de uma vida”. Marcelo, o filho mais velho, completa: – “Eu costumo dizer que quando nosso pai morrer, e vai demorar (risos). A gente vai cremá-lo e guardar as cinzas dentro da lata. Afinal é a vida dele mesmo”.

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