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Embaixador admite conflito com a Ucrânia

JIM BOURG

O embaixador dos Estados Unidos para a União Europeia, Gordon Sondland, mudou seu depoimento no inquérito do impeachment do presidente Donald Trump e confirmou que houve conflito de interesses no acordo com a Ucrânia. Ele disse que sabia que o governo Trump havia congelado qua­se US$ 400 milhões em ajuda militar, enquanto pressionava a Ucrânia a investigar um dos seus principais rivais políticos, indicou um trecho do novo de­poimento divulgado nesta terça­-feira, 5 de novembro.

Recuando do depoimento inicial, feito no mês passado, Sondland relatou que disse a um conselheiro presidencial da Ucrânia que “a retomada do auxílio dos EUA provavelmente não ocorreria, até que a Ucrânia fornecesse o depoimento públi­co anticorrupção que nós discu­timos por muitas semanas”. O embaixador acrescentou que até o início de setembro, “na ausên­cia de uma explicação crível para a suspensão do auxílio, eu pre­sumi que a suspensão da ajuda havia sido ligada ao argumento anticorrupção”. Sondland entre­gou seu depoimento suplemen­tar de quatro páginas por escrito na segunda-feira (4), depois que outros funcionários do governo fizeram o mesmo.

Ele confessou que considera o congelamento da verba para a Ucrânia como “imprudente”, mesmo sem ter os detalhes de “quando, por que ou por quem a ajuda foi suspensa”. Os de­mocratas que encaminham o inquérito do impeachment na Câmara dos Deputados tam­bém divulgaram nesta terça­-feira o depoimento de Kurt Volker, o ex-representante es­pecial dos EUA para negocia­ções com a Ucrânia.

Testemunhas afirmaram em depoimentos que Volker e Son­dland, juntamente com o secre­tário de Energia dos EUA, Rick Perry, eram conhecidos como os “três amigos”, responsáveis pelo canal não oficial de Trump com oficiais do governo ucraniano. Volker renunciou em setembro. Ele depôs às comissões de As­suntos Exteriores, Inteligência e Vigilância da Câmara por mais de oito horas no dia 3. Sondland testemunhou no dia 17. Perry, ex-governador do Texas, que disse que deve renunciar de seu gabinete até 1 de dezembro, re­jeitou a depor até o momento.

A mudança de discurso de Sondland é significativa para o inquérito do impeachment de Trump. Em outubro, ele havia afirmado que escreveu ao di­plomata americano na Ucrânia, William Taylor, que Trump ha­via sido claro de que não havia conflito de interesses entre o empréstimo e a investigação re­ferente ao ex-vice-presidente Joe Biden. Mas disse que somente estava repetindo o que Trump havia pedido, deixando em aberto se de fato sabia dos deta­lhes da negociação, ou mesmo se concordava com Trump.

Biden é pré-candidato de­mocrata para a eleição presiden­cial de 2020. Seu filho, Hunter Biden, compôs o conselho de uma empresa de gás natural ucraniana investigada por cor­rupção. O inquérito do impe­achment de Trump foi aberto após uma denúncia anônima de um funcionário da inteligência da Casa Branca ter revelado que o presidente americano, em tele­fonema ao presidente ucraniano Volodmir Zelenski, em julho, pressionou para que a Ucrânia encaminhasse as investigações em relação aos Bidens no país. O auxílio financeiro dos EUA, que estava congelado na época, foi liberado dias depois da ligação.

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