Desde 1º de janeiro e até quinta-feira, 31 de outubro, Ribeirão Preto registrou 13.374 casos de dengue, 13.146 a mais do que os 228 dos nove primeiros meses de 2018, alta de 5.765%, cerca de 58 vezes superior em 304 dias de 2019. Os dados são Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), divulgados nesta sexta-feira, 1º de novembro. A cidade também já tem três mortes por dengue hemorrágica confirmadas e luta para tentar conter o avanço da doença.
E parece que conseguiu. Apesar da quantidade alarmante de ocorrências, em outubro foram registrados apenas onze casos, alta de 83,3% e cinco registros a mais dos que os seis do mesmo período de 2018. No mês passado, a Secretaria Municipal da Saúde fez quatro mutirões em vários bairros da cidade em busca de materiais que possam se transformar em criadouros do Aedes aegypti. Foram coletadas mais de 15,8 toneladas dos mais diversos objetos, principalmente pneus, um dos vilões da proliferação do vetor, por acumularem água.
A estiagem evitou uma proliferação ainda mais perigosa do Aedes aegypti, mas a cidade já enfrenta cenário típico de epidemia. A população deve ficar atenta porque em 80% dos casos o criadouro do vetor está dentro de casa – o mosquito também é transmissor do zika vírus e das febres chikungunya e amarela (na área urbana).
Neste ano, dentre as já anunciadas vítimas do Aedes aegypti, 3.796 da Zona Norte, 3.749 são da Zona Oeste, mais 2.979 da Leste, 1.600 da Central, 1.249 da Sul e um sem identificação de distrito. Há ainda 22.169 casos sob investigação. A média é de quase 44 novos pacientes por dia. Parte é do sorotipo 2, que é mais forte e contra o qual a população não está imune.
O número de vítimas do Aedes aegypti na cidade em 304 dias deste ano já é 4.835% superior ao total do ano passado, quando Ribeirão Preto contabilizou 271 ocorrências – são 13.103 pacientes a mais em 2019, ou 49 vezes superior. Neste ano, Ribeirão Preto registrou 254 casos de dengue em janeiro, 803 em fevereiro, 1.865 em março, 4.201 em abril, 4.547 em maio, 1.328 em junho, 247 em julho, 75 em agosto, 43 em setembro e onze em outubro.
Em 2018, foram 45 ocorrências no primeiro mês, 37 no segundo, 28 no terceiro, 42 no quarto, 35 em maio, 17 em junho, onze em julho, cinco em agosto, um em setembro, seis em outubro, cinco em novembro e 38 em dezembro. No ano passado, das 271 pessoas contaminadas pelo vetor, 90 eram da Zona Leste, mais 73 na Oeste, 51 na Norte, 37 na Sul e 19 na Central, além de um caso sem identificação do distrito.
Em 2017, foram registrados 246 casos, o volume mais baixo dos últimos doze anos. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179). O terceiro menor registro de casos ocorreu em 2012, com 317. A Secretaria da Saúde também já confirmou três mortes por dengue hemorrágica em Ribeirão Preto neste ano. A última foi de uma mulher de 53 anos, sem comorbidades, e que faleceu por causa da doença.
Os outros casos são de um homem de 73 anos, hospitalizado durante 16 dias, portador de cardiopatia e que evoluiu com pneumonia e morreu no dia 22 de abril, e uma mulher de 44 anos, também portadora de doenças associadas que estava internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida Treze de Maio, no Jardim Paulista, e faleceu no mesmo dia, com diagnóstico definitivo do dia 23. Em um dos casos a sorologia já demonstrou ser do tipo 2. O homem morava na Zona Leste e a mulher, na região central.
Chikungunya
Já para a chikungunya, cinco casos foram confirmado em janeiro deste ano. Em 2018, Ribeirão Preto atendeu oito pessoas com a febre transmitida pelo Aedes aeghypti – uma em março, uma em abril, uma em maio, outra em junho, uma em agosto, uma em setembro e duas em outubro. No entanto, fechou 2017 com aumento de 344,4%. Os dados mostram que o total saltou de nove para 40, com 31 pacientes a mais em relação a 2016. Neste ano não há casos de zika vírus, microcefalia e febre amarela. O Ministério da Saúde antecipou para setembro a campanha de combate ao Aedes aegypti.
RP tem 122,2 mil casos em 11 anos
Ribeirão Preto acumula 122.238 casos de dengue e pelo menos cinco grandes epidemias em menos de onze anos, desde 2009. Pior: o número de vítimas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor, pode ser quatro vezes superior e passar de 488 mil, segundo a Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde. Um estudo divulgado durante as últimas epidemias indica que, para cada caso confirmado da doença, outros três não são notificados.
Neste caso, o número de infectados pode chegar a 488.952 pessoas em menos de onze anos. Ribeirão Preto constatou 1.700 casos em 2009, mais 29.637 em 2010 (epidemia), outros 23.384 em 2011 (mais um surto), 317 em 2012, mais 13.179 em 2013 (epidemia), 398 em 2014, outros 4.689 em 2015, mais 35.043 em 2016 (o maior surto da história), 246 casos em 2017 (a menor incidência), 271 em 2018 e mais 13.374 até 30 de setembro deste ano.
A Secretaria Municipal da Saúde alerta a população para eliminar materiais inservíveis que acumulem água parada, ambientes ideais para proliferação do Aedes aegypti, como potes, garrafas, tampas e pneus, entre outros. Foram lotadas as caçambas de onze caminhões com lixo e entulho, criadouros potenciais do mosquito.
A diretora de Vigilância em Saúde e Planejamento da Secretaria Municipal da Saúde, Luzia Marcia Romanholi Passos, afirma que o trabalho começou antes do início das chuvas. “Encontramos muitos criadouros do mosquito durante a realização do trabalho de campo que prevê, além do recolhimento do material, orientação às pessoas. Portanto, solicitamos à população que limpe suas casas, seus quintais semanalmente e não deixe acumular água parada, ambiente ideal para o mosquito crescer”, alerta.
Casos de dengue em Ribeirão Preto 2009………………………………………………………………………. 1.700 casos 2010……………………………………………………………………..29.637 casos 2011……………………………………………………………………..23.384 casos 2012…………………………………………………………………………. 317 casos 2013……………………………………………………………………..13.179 casos 2014…………………………………………………………………………. 398 casos 2015………………………………………………………………………. 4.689 casos 2016……………………………………………………………………..35.043 casos 2017…………………………………………………………………………. 246 casos 2018…………………………………………………………………………. 271 casos 2019………………………………………………………………….. 13.374 casos
* * Balanço de 304 dias de 2019 Total desde 2009: 122.238, mas estudo da SMS aponta que o número seja quatro vezes superior, de 488.952