Fernando Barros, com seus 56 anos, vem acumulando vivências e experiências. A crise dos 40 (anos) o fez a pender para aventuras em suas diversas variantes, tais como montanhismo, trekking, bike trip, moto travel, desafios esportivos, atividades off-road e outras. Atualmente, o ribeirão-pretano está atravessando as Américas de moto.
Ele conta que sempre gostou de aventuras e esportes, mas na chamada meia idade sofreu uma crise. “Na verdade eu estava com 38 anos. A gente percebe que o primeiro tempo acabou e você tem mais metade do tempo. Daí você quer fazer o melhor possível, ou seja, a valorização do tempo e das coisas que a gente realmente gosta. Isso ficou muito mais latente”.
No seu histórico de aventuras constam algumas façanhas como: subir seis das dez maiores montanhas do Brasil; também a maior montanha do continente africano, o Monte Kilimanjaro; chegar ao penúltimo acampamento da maior montanha do continente americano, o Aconcágua; chegar no segundo refúgio da maior montanha equatoriana, a Chimborazo; fazer uma bike trip de 5.000 km entre o Brasil e a fronteira da Argentina com o Chile (Bariloche); fazer uma moto travel para conhecer as maiores chapadas do Brasil; além de práticas esportivas como maratonismo (19 nacionais e internacionais), triatletismo (IronMan 70.3), MTB, corridas de rua e terra, natação e outras.
Volta pelas Américas
Atualmente está fazendo uma volta de motocicleta pelas Américas. Ele começou partindo de Ribeirão Preto no dia 8 de março. São 14 países visitados em sete meses e meio. Além da moto, ele também utilizou barcas, ônibus, aviões e outros meios não convencionais de transporte. No total, até agora, foram aproximadamente 34.000 km, sendo 20.000 somente de moto. “Ainda faltam uns dois meses para encerrar está voltinha”, brinca.
“Está sendo muito gratificante, pois sempre tive o sonho de conhecer nosso continente e suas incríveis atrações como Machu Picchu e Chichén Itzá (duas das Sete Maravilhas do mundo moderno), a montanha Chimborazo, o canal do Panamá, o Caribe, lago Titicaca, Cancun e muitas outras. Estou me realizando com está aventura, principalmente por não ter um roteiro fechado e não ter praticamente data para retorno, ou seja, faço minhas aventuras de acordo com minha vontade sem restrições de tempo e espaço, isto é ótimo”, comenta.
Fernando relata que esteve em inúmeros museus, igrejas, teatros, parques, sítios arqueológicos, desertos, praias (tanto nos mares do Atlântico como no do Pacífico), montanhas, vulcões, cavernas e grutas. Fala com empolgação o fato de subir em alguns vulcões e montanhas da Cordilheira dos Andes, navegar no coração amazônico, atravessar de bike a faixa de terra entre os dois maiores oceanos do planeta.
Problemas acontecem
Mas a viagem não é só “mil maravilhas”. Passou perrengues como problemas em sua moto (queda, quebra de peças, falta de combustível, etc), embarques complicados em aeroportos, erros de caminhos nas estradas, mordida de cachorro, susto com um crocodilo, perda de imagens fotográficas e alguns probleminhas normais de saúde.
Um dos riscos foi entrar na Venezuela quando a fronteira do Brasil estava fechada, em abril. “Eu estava em Pacaraima, aí contratei um moto-taxi para conhecer e verificar a situação da cidade venezuelana de Santa Elena. Teria que ser um caminho alternativo já que as estradas estavam com barreiras militares. Mesmo assim passamos por três destas barreiras, mas o moto-taxista havia levado uma caixa de bombom e foi esse o nosso passaporte para passar em uma das barreiras. Uma aventura e tanto”.
Outra aventura um tanto inesperada foi conseguir sair do Equador em uma das suas maiores manifestações populares. “A fronteira estava praticamente fechada por taxistas, caminhoneiros e outras categorias. Encontrei uns moto-taxistas que me ofereceram um atalho para chegar ate a fronteira por um pequeno pedágio de U$ 10,00. Não tive escolha e a situação do país estava ficando alarmante, foi um caminho de terra complicado onde demos uma volta enorme, mas no final eles cumpriram o prometido e eu consegui entrar no Peru”.
Sobre o crocodilo, Fernando conta a história com bom humor. “Foi um susto, foi em Belize. Eu estava a pé com minha mochila que tinha um volume total considerável, procurando o hostel onde iria me hospedar. Era uma região de muitos canais que davam acesso ao mar do Caribe. Começou a chover e eu corri para me abrigar embaixo de uma árvore, foi quando a poucos metros um crocodilo deu um salto na minha frente e pulou para dentro de um canal, fiquei paralisado não entendendo o que tinha ocorrido. Minutos depois do choque, eu entendi que ele havia se assustado com minha corrida e o volume total, eu e mochila, que eu representava. Comecei a rir de mim mesmo, consegui posteriormente registar o crocodilo em seu local de descanso, muito grande”.
Sempre sozinho nas andanças
Fernando relata que faz as aventuras sozinho. “É difícil encontrar alguém com os mesmo sonhos e disponibilidades. O nome do meu projeto de vida é Projeto Destino Incerto (nome que deu à sua página no Instagram onde registra tudo). Isso é baseado nos vários sonhos que tenho que realizar, alguns sonhos vão entrando no projeto por facilidade e conhecimento, por exemplo, eu estava indo para o Peru, só que em Rondônia eu descobri uma embarcação que vai até Manaus, então fui. De Manaus descobri um acesso até Roraima, daí fui. De Roraima fui até a fronteira com a Venezuela e a Guiana, então fui… Assim por diante e a moto ficou me aguardando em Porto Velho”, explica.
Retorno a casa
Faltando praticamente dois meses para seu retorno, Fernando espera encontrar outras aventuras interessantes em seu roteiro, ainda meio incerto, como atravessar a Bolívia, passar pelo Chile, com possibilidade de entrar no Paraguai e Argentina. Sobre projetos futuros ele prefere ir por partes. “Conheci bem o Brasil em minhas andanças de moto, praticamente só falta o estado do Amapá, quero muito fechar este ciclo e se der certo ainda tentar o Monte Roraima. Depois fechar a América do Sul com o Ushuai e assim por diante”, finaliza.
As histórias de Fernando Barros podem ser acompanhadas pelo Instagram @projeto_destino_incerto