Não sou fã de novela, mas já fui. Lembro de “Pecado Capital”, de Janete Clair, cuja música principal era de Paulinho da Viola, samba que adoro cantar até hoje. Assisti a vários capítulos de “Roque Santeiro”, de Dias Gomes, também por adorar as músicas da trilha, com Sá & Guarabira, Zé Ramalho e outros bambas. Mas sempre gostei mesmo dos grandes festivais de MPB, que revelavam grandes compositores e cantores. Programas de calouro nem se fala! Sempre me deliciei e até me considerava um jurado sentado no sofá de casa.
Isso faz muito tempo, época boa do programa “Boa noite, Brasil” e “Esta noite se improvisa”, com o saudoso Flávio Cavalcante. Nas noites de hoje, quando vejo TV, procuro por futebol e música. Eis que, numa noite de segunda-feira, sapeando canais de TV, dou de cara com o “Programa do Ratinho” e o seu interessante “É 10 ou 1000”, um programa de calouros à moda antiga, como gosto. O calouro tem um minuto e meio para se apresentar, e se for gongado se manda. Se ficar dentro do seu tempo, vai ser julgado, aí ou leva R$ 10 ou R$ 1 mil. Cada jurado faz um comentário e dá sua nota.
Virei um mega fã do Ratinho, que conquistou o Brasil no horário. Ele me faz lembrar velhos programas de calouros com bancada de jurados e tudo mais. Ratinho está no ar de segunda a sexta, cada noite num formato. Conseguiu montar uma equipe muito divertida, seu programa é uma mistura de Chacrinha com Flávio Cavalcante, seus personagens nos passam a impressão de que ali tudo se improvisa, você não sabe o que vai acontecer no minuto seguinte e isso nos prende a atenção pra dedéu. Vejo sempre que posso, mas nas noites de segunda não perco por nada.
Começando pela bancada de jurados, Ratinho colocou dois bonzinhos, eles dão mil pra todos. Um é o jornalista Leão Lobo e, do seu lado, Lola, a bailarina russa, mas que também dá seus pitacos na afinação dos cantores. O terceiro, Pedro Manso, é um humorista que faz imitações e dá qualquer nota. Na ponta-esquerda um jurado das antigas do programa Silvio Santos, Décio Piccinini. Este é durão, ele não dá mole, o calouro tem de merecer seus mil reais. E na ponta-direita o mau humorado Arnaldo Sacomani, compositor, produtor musical, fazendo aquele estilo Zé Fernandes, jurado de Flávio Cavalcante.
Nas noites em que os calouros são meia-boca, Ratinho, rindo, dá a maior dura na produção. Parece combinado, principalmente com Lucimara Parisi, ex-produtora do finado “Perdidos na noite”, de Fausto Silva, na Record (anos 1980), e do “Domingão do Faustão”, na Globo.
Tem calouro que chega lá cheio de banca, dizendo ser cantor profissional e coisa e tal. O cara acha que só porque canta na noite é “cantor”, mas a noite está cheia de figuras que pensam que cantam. Na TV não tem aquele som barulhento dos bares, ali a afinação mostra sua cara, o sujeito é gongado, ele olha sem acreditar, Ratinho logo o desbanca, vem o comediante Santos e o segura pelo braço e o conduz para os bastidores.
Já vi no “Programa do Ratinho” grandes e desconhecidos artistas, principalmente dentro de um quadro novo em que os jurados decidem quem é o melhor cover. Na última segunda-feira se apresentaram um cover do Elvis Presley e um do Raul Seixas, os dois foram excelentes, mas Raul ficou mais caracterizado e foi classificado. O Elvis em questão se apresentou meio fora de forma e a bailarina Lola até comentou que quando ele fez um movimento de abrir as pernas como o Elvis original, achou que ele não ia conseguir voltar. Isso bastou pra galera se divertir.
Se você curte calouros, assista na próxima segunda-feira, às 22h30, pelo SBT, “É 10 ou 1000”, e seja como eu: mais um jurado.
Sexta conto mais.