Tribuna Ribeirão
Economia

O mais baixo da história – Copom reduz juros para 5% ao ano

ANTONIO CRUZ/AG.BR.

Pela terceira vez seguida, o Banco Central (BC) diminuiu os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para 5% ao ano, com corte de 0,5 ponto percentual. A decisão era espe­rada pelos analistas financeiros.

Com a decisão desta quar­ta-feira, 30 de outubro, a Selic está no menor nível desde o iní­cio da série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradu­almente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015.

Em outubro de 2016, o Co­pom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser reduzida em julho deste ano. Em comunicado, o BC reiterou a necessidade de continuida­de nas reformas estruturais da economia brasileira para que os juros permaneçam em níveis baixos por longo tempo.

O texto indicou que uma nova redução de 0,5 ponto deve­rá ocorrer antes do fim do ano. “O Comitê avalia que a consoli­dação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude”, destacou o texto. A próxima reunião do Copom está marcada para 10 e 11 de dezembro.

Inflação
A Selic é o principal instru­mento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Na­cional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o indicador fechou em 2,89% no acumulado de 12 meses. No mês passado, o IPCA registrou deflação de 0,04%, o menor per­centual para meses de setembro desde 1998.

Para 2019, o Conselho Mo­netário Nacional (CMN) estabe­leceu meta de inflação de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá superar 5,75% neste ano nem ficar abai­xo de 2,75%. A meta para 2020 foi fixada em 4%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autori­dade monetária estima que o IPCA encerrará 2019 em 3,3%, continuando abaixo de 4% até 2022. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divul­gada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,29%.

Crédito mais barato
A redução da taxa Selic esti­mula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, o BC projetava expansão da eco­nomia de 0,9% para este ano e de 1,8% em 2020.

A expectativa está em linha com as do mercado. Segundo o boletim Focus, os analistas eco­nômicos preveem crescimento de 0,91% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2019. A taxa básica de ju­ros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Es­pecial de Liquidação e Custó­dia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.

Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimu­lam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

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