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Chile já tem 20 mortos e mais de nove mil presos

JOSÉ CRUZ/ AG.BR.

O surto social no Chile dei­xou um resultado triste de 20 mortos, centenas de feridos e 9.203 presos, de acordo com um relatório oficial divulgado pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos chileno. O balanço inclui dados de mortes e feridos contabilizados a partir de 19 de outubro, quando começaram os protestos e os tumultos, e a ma­nhã de segunda-feira (28), ou seja, não inclui os incidentes gra­ves registrados na segunda-feira à tarde em Santiago, Concepci­ón, Valparaíso e Antofagasta.

Nesse contexto, multipli­caram-se as reclamações sobre violações de direitos humanos e violência institucional, o que levou as Nações Unidas a enviar uma missão especial ao Chile para investigá-las. O Instituto Nacional de Direitos Humanos (NHRI) apresentou queixas para investigar os casos de cin­co mortes causadas pela ação de agentes do Estado, além de outras 18 por violência sexual, 54 por tortura e mais de 50 por supostas detenções ilegais.

O presidente do Chile, Se­bastián Piñera, anunciou na ma­nhã desta quarta-feira (30) que o país não irá mais sediar o encon­tro dos países da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês), que estava marcado para novembro. Ele também cancelou a 25ª Confe­rência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 25), que aconteceria em dezembro, também no Chile.

“Sentimos e lamentamos pro­fundamente os problemas e in­convenientes que essa decisão vai significar, tanto para a Apec quan­to para a COP”, afirmou Piñera. O anúncio vem em meio aos intensos protestos que assolam o país e levaram a popularidade do presidente chileno aos menores níveis desde a redemocratiza­ção. Existia a expectativa de que Estados Unidos e China assinas­sem a primeira fase do acordo comercial durante a Apec.

Marcha
As ruas próximas ao Palácio La Moneda transformaram-se em campo de batalha na terça­-feira (29), em meio a uma nova marcha multitudinária contra o governo de Sebastián Piñera. A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borra­cha contra manifestantes que arrancavam com as mãos parte do calçamento para jogar pedras contra os “carabineros”.

Um dos feridos pelas balas de borracha foi um observador do Instituto Nacional de Direitos Humanos, órgão do governo. O ato desta terça em Santiago ti­nha como exigência melhores aposentadorias. O sistema chi­leno, que segue o modelo de ca­pitalização individual, é um alvo permanente de tensão no país. Em linhas gerais, o trabalhador dedica 10% de seu salário para uma espécie de poupança. O va­lor começa a ser devolvido após a aposentadoria pelas chamadas AFPs, instituições privadas que neste período têm liberdade para aplicar o montante.

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