Tribuna Ribeirão
Cultura

Uma vida dedicada ao bom cultivo da terra e das letras

Duas paixões conduziram a vida da americana Ellen Bromfield Geld: escrever e cultivar. Autora de nove livros e uma das pioneiras no Brasil na criação de santa gertrudis, a primeira raça de gado sintética do Ocidente, ela morreu aos 87 anos em Tietê, no interior paulista, na quinta-feira, de causas naturais

Caçula do escritor Louis Bromfield (1896-1956), vencedor do prêmio Pulitzer, Ellen nasceu em Paris em 1932, mas cresceu em Ohio, nos Estados Unidos. Passou a maior parte da infância e juventude na fazenda Malabar, onde desenvolveu apreço pela agricultura.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 2001, Ellen contou ter herdado do pai o interesse por esse universo. “Vivendo com ele, aprendi coisas fundamentais para entender o que de fato significa cultivar uma terra”, disse. “Por exemplo, que a terra está em nossas mãos somente por um tempo e deverá ser passada para as próximas gerações em melhores condições do que a encontramos.”

A escritora chegou ao País em 1953, com o marido, o engenheiro agrônomo Carson Geld; o filho Stephen; e uma cadela de estimação O casal compartilhava o sonho de ter uma fazenda próspera. Por oito anos, trabalhou em propriedades de outras pessoas até que conseguiu comprar a fazenda Pau D’Alho, em Tietê. “De uma fazenda antiga de café, degradada pela erosão do solo, o casal transformou-a em uma propriedade diversificada”, diz o site da fazenda.

Além da criação de bovino, hoje o local produz feno, grama bermuda, nogueira-pecã e mudas para pastagem. Histórias de fazenda e a vida no Brasil foram matéria-prima para a literatura de Ellen. Em O Pau D’Alho e Mulheres de Contenda, por exemplo, o cenário é o interior. Já em Pelas Janelas da Fazenda – O Olhar de Uma Imigrante Americana no Vasto Interior do Brasil, a autora mistura memórias e jornalismo.

Ellen também colaborou por 25 anos com o Estado, escrevendo para o caderno Agrícola. Escreveu ainda para o Dirigente Rural, DBO Rural e Farming Magazine. “Através de seus livros e colunas e por sempre manter aberta as portas de sua casa, minha mãe tocou a vida de muita gente. De personalidade forte, sua presença iluminava qualquer ambiente, seu humor (era) apurado, contagiante. Ela era uma mulher prática também. Cuidava de um vasto jardim e uma horta que até hoje abastece a cozinha da fazenda”, conta o administrador Kenneth Geld, de 60 anos, filho de Ellen.

Ellen deixa o marido Carson, com quem teve cinco filhos: Stephen (in memorian), Michael, Robin, Kenneth e Christina. Também tinha 13 netos e 3 bisnetos.

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