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Ética, justiça, cidadania e um centavo!

Embora se tenha visto a circulação midiática de algumas tentati­vas de formação de consciência em relação à “insignificante moe­dinha de um centavo”, percebo não passar de valor desconsiderado pela sociedade. Sinto-me incomodado como somos tratados: tolos, medíocres, desligados, retardados enquanto roubados descarada­mente de um em um centavo.

Quando, diante do caixa de bancos, lotéricas, postos de pedágios e outros nos falta um centavo, não conseguimos pagar nossa conta. Já paramos para ver que a maioria de nossas contas não são arre­dondadas? Geralmente terminam em seu total a pagar em centavos quebrados: R$ 1,99, R$ 5,97, R$ 13,98… e quando apresentamos a fatura a ser paga, o caixa agradece gentilmente, devolve-nos a fatura quitada sem o troco.

Dificilmente cobramos o troco. Ou porque não há moedinhas no caixa, ou porque achamos insignificante um, dois, três ou quatro centavos de troco. E assim, no final do dia, o credor ganhou, à custa de nossa indiferença, quantia razoável que não lhe pertence. Em outras palavras: roubou dos clientes, que se deixaram roubar. Falta de justiça no exercício de cidadania. Qual é a diferença entre roubar um centavo e cem reais? Nenhuma! Não é a quantia que determina ser ou não ser roubo!

Já fui questionado, zombado e até chamado de avarento ao esperar meu troco de um centavo em caixas de lotéricas e casas comerciais. Também já me xingaram os que esperavam sua vez atrás de mim na fila, porque o caixa precisou chamar o gerente para providenciar meu troco. Porém, quis exercer meu direito e minha cidadania, sendo justo.

Porque a corrupção, o desvio de verbas, a roubalheira e as sujei­ras contra a justiça não começam no Congresso. Lá se solidificam. O senso de justiça é um valor que se aprende no seio da família, desde os primeiros anos de escola, e, depois são ou não aplicados em nossas relações humanas, sociais, políticas, eclesiais e comerciais. Avoluma-se a gravidade, quando o roubo se institucionaliza na esfera política e econômica. Há quem diga que as pessoas honestas, conscientes de juízos, de valores não sobrevivem aos esquemas de corrupção existentes em nossos governos.

Engolimos sem nenhuma reflexão mais profunda uma série de in­formações enganosas, sobretudo, quando se trata de economia, núme­ros, inflação, crescimento econômico, juros e taxas que são inexplicá­veis. Não consigo entender como, por exemplo, há tanta oscilação nos preços de combustíveis. Um dia o etanol custa em determinado posto (porque os preços variam demasiadamente entre os postos) R$ 2,499 e no dia seguinte R$ 2,599, e ainda no dia seguinte R$ 2,899, pulando novamente para valores mais elevados em poucos dias depois.

Conclamo os leitores a darmos mais valor à justiça, administran­do melhor o que nos pertence, mesmo que isso exija maior esforço de cada um. Como cristão, embora imperfeito, procuro observar o sétimo mandamento do decálogo: “Não furtarás”. Quem furta, só tem o direito de ser absolvido depois de devolver, de alguma forma, a quantia furtada. Zaqueu era cobrador de impostos e, no tempo de Jesus, os cobradores de impostos eram odiados pela sociedade, porque roubavam e enriqueciam ilicitamente.

Cobravam os impostos para os romanos, para os sacerdotes do templo e para o próprio bolso. Quando conheceu Jesus, desceu da árvore onde se encontrava, o que pode ser entendido que tenha descido de sua arrogância e prepotência. Recebeu Jesus em sua casa e assegurou o propósito de devolver em dobro tudo o que havia rou­bado. Tornou-se discípulo de Jesus, porque converteu o poder em serviço, seus bens materiais em partilha e o prestígio que o dinheiro que garantia, em humildade! Não podemos separar nosso direito à cidadania da prática da justiça nem por um centavo!

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