Tribuna Ribeirão
Geral

Júri de Ichisato será em fevereiro de 2020

FOTO: ALFREDO RISK /ARQUIVO TRIBUNA

A juíza Isabel Cristina Alonso Bezerra Zara, da 2ª Vara Criminal de Ribeirão Pre­to, agendou para 3 de fevereiro de 2020 o júri popular do em­presário Alexsandro Ichisato de Azevedo, acusado de matar o estudante Marcos Delefrate, de 18 anos, e de atropelar mais 12 pessoas em um protesto contra o reajuste da tarifa de ônibus, em 20 de junho 2013, na Zona Sul de Ribeirão Preto.

Inicialmente, o julgamen­to estava marcado para 12 de agosto deste ano, mas foi can­celado. A magistrada acatou um pedido feito pelo advogado de Azevedo, Hamilton Paulino Pereira Junior, de que existem objetos apreendidos e laudos periciais que ainda não foram encaminhados à Justiça. Na nova decisão, a juíza afirma que o júri tem duração prevista de três dias e determinou que Azevedo, atualmente na Peni­tenciária de Balbinos, no inte­rior paulista, seja transferido a um presídio na região de Ribei­rão Preto e permaneça nele du­rante o tempo do julgamento.

No dia do cancelamento, a magistrada pediu à Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Corregedoria da Polícia Ci­vil, Instituto de Criminalística (IC), Instituto Médico Legal (IML) e emissoras de televisão TV que encaminhem docu­mentos e materiais considera­dos relevantes para o processo no prazo de cinco dias.

A defesa do acusado diz que a ausência dos documen­tos solicitados, entre os quais exames de corpo de delito de vítimas, configurariam nulida­de do julgamento. Pereira Ju­nior diz que sem este material o processo não está apto para ser julgado. O promotor Marcus Túlio Nicolino, que trabalha na acusação, entende que os lau­dos requisitados são de menor importância e não vão alterar o foco do julgamento, que vai acontecer no Fórum Estadual de Justiça de Ribeirão Preto, no ano que vem

Em junho de 2013, Ichisa­to fugiu sem prestar socorro às vítimas e chegou a ficar fo­ragido por um mês. A tragédia se converteu em comoção na­cional e ficou simbolizada em um busto colocado no local do atropelamento. Na data do crime, brasileiros tomaram as ruas em diversas cidades em um protesto contra o governo federal. A morte de Delefrate foi a única registrada naquele dia em todo o Brasil.

Ichisato responde por ho­micídio triplamente qualifica­do e quatro tentativas de homi­cídio triplamente qualificadas. Segundo o representante do Ministério Público Estadual (MPE), se for condenado nos cinco crimes pode pegar mais de 100 anos de prisão, apesar de a pena máxima no Brasil ser de 30 anos. Ele está na Peniten­ciária de Balbinos.

O júri popular foi con­firmado em 15 de agosto de 2017, pelo Tribunal de Justi­ça de São Paulo (TJ/SP). Os desembargadores negaram o pedido de alteração na ti­pificação do crime feito pela defesa do réu – que queria mudar a acusação de homi­cídio doloso para acidente de trânsito. O atropelamento ocorreu em uma manifesta­ção no cruzamento das ave­nidas Professor João Fiúsa e José Adolfo Bianco Molina durante um protesto organi­zado pelo Movimento Passe Livre, que cobrava a redução no preço da passagem de ôni­bus em todo o Brasil.

Ribeirão Preto foi a única cidade a registrar óbito duran­te os protestos. Das 12 pessoas atropeladas pelo empresário, quatro ficaram feridas. Ele também é acausado por tenta­tiva de homicídio deste quar­teto. A prisão de Ichisato foi decretada no dia seguinte ao atropelamento, mas ele fugiu. Azevedo está preso desde 18 de julho de 2013, depois da con­fusão que resultou nos atrope­lamentos. No final do protesto em 20 de junho daquele ano, o empresário deixava um super­mercado na Zona Sul em uma SUV blindada, quando se de­parou com os manifestantes no cruzamento das avenidas.

O grupo pedia que ele re­cuasse e, depois de uma dis­cussão, ele acelerou e avançou. A defesa de Ichisato já disse an­teriormente que ele não tinha a intenção de matar e que seu cliente se sentiu acuado dentro do carro devido às agressões da multidão no dia da confu­são, e que o empresário não tinha condições de dar marcha a ré. Em 20 de junho de 2013, imagens flagraram o momen­to em que Azevedo atropelou e matou Marcos Delefrate. O empresário fugiu sem prestar socorro às vítimas.

O veículo modelo SUV foi apreendido na casa dele, em um condomínio na Zona Sul. Após quase um mês foragido, foi preso em 18 de julho daque­le ano. Segundo a Polícia Civil, estava escondido em uma chá­cara onde funciona uma clínica para recuperação de depen­dentes químicos em Bragança Paulista. Em 14 de agosto de 2013, a juíza da 2ª Vara Cri­minal de Ribeirão Preto, Isabel Cristina Alonso, decretou a prisão preventiva e determinou que Azevedo aguardasse pelo julgamento na cadeia.

Em agosto de 2016, a Justiça de primeira instância decidiu levar Ichisato a júri popular, mas a defesa recorreu e o pro­cesso foi enviado ao TJ/SP. Um ano após o caso, em junho de 2014, um busto de Delefrate foi inaugurado no local do atrope­lamento. Todo ano a família faz homenagens ao jovem.

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