A sala plena do tribunal regional eleitoral da Bolívia informou na tarde desta sexta-feira, 25 de outubro que revalidou algumas atas que antes havia declarado nulas e com isso finalizou a contagem oficial das eleições presidenciais do domingo (20). Com todas as atas apuradas, o presidente Evo Morales tinha 47,08% dos votos, enquanto seu principal rival, o ex-presidente Carlos Mesa, tinha 36,51%. Com isso, Morales seria reeleito em primeiro turno.
Na quinta-feira (24), o Tribunal Supremo Eleitoral havia dito que haveria nova votação em quatro mesas no departamento (Estado) de Beni, mas nesta sexta-feira o presidente departamental local, Rodolfo Coimbra, revalidou essas atas e com isso a contagem foi retomada. Para vencer em primeiro turno, um candidato deve ter mais de 50% dos votos, ou 40% e uma distância de ao menos dez pontos porcentuais em relação ao segundo colocado.
Havia protestos em seis cidades da Bolívia nesta sexta-feira, com bloqueios e paralisação contra Morales. Oposicionistas acusam o presidente de ter cometido fraudes para ganhar a eleição no domingo. No plano internacional, a Organização das Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e países como Estados Unidos e Colômbia pediram clareza na apuração.
Em reunião da Organização dos Estados Americanos, em Washington, o ministro da Justiça da Bolívia, Hector Arce Zaconeta, disse que “as regras foram cumpridas e vamos levar adiante o resultado”. “Na Bolívia, não existe a possibilidade de fraude ou manipulação.” Zaconeta e o chanceler boliviano, Diego Pary, reiteraram o convite para que a OEA realize uma auditoria da eleição, mas disseram que a Bolívia não esperaria a conclusão da análise para anunciar o resultado.
Um dia antes, a missão de observadores da OEA informou ao Conselho Permanente que vários princípios que regem uma eleição democrática foram violados e, diante da margem apertada indicada pelas urnas, a melhor opção seria realizar um segundo turno. A apuração caótica da eleição presidencial boliviana, com interrupção temporária e atrasos na divulgação dos resultados preliminares, provocou suspeitas de fraude e manifestações violentas nas principais cidades da Bolívia. Evo afirmou que há uma tentativa de “golpe de Estado para prejudicar o país”.