Após 55 dias do aparecimento de manchas de óleo no litoral da Paraíba, o produto, de origem desconhecida, que já atingiu os nove estados do Nordeste, continua chegando à costa, poluindo trechos que ainda não tinham sido afetados. Em Pernambuco, ao menos mais duas praias, distantes cerca de 50 quilômetros uma da outra, foram atingidas nesta quarta-feira, 23 de outubro. Segundo a prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife, o óleo atingiu um trecho da Praia de Barra de Jangada esta madrugada. Servidores municipais que estavam de prontidão monitorando a área, militares da Marinha, voluntários e um grupo de detentos coletaram todo o material que conseguiram, “minimizando os danos”, conforme informou a prefeitura. Também durante a madrugada, moradores constataram a presença de óleo na orla da Praia do Janga, no município de Paulista, no litoral norte pernambucano. Nas redes sociais, a prefeitura anunciou que está “fechando o planejamento que vai mobilizar todas as secretarias, ONGs, colônias de pescadores e a população para minimizar um possível desastre ambiental”, e convocou voluntários a procurar a prefeitura para saber como colaborar. Até terça-feira, o governo estadual já contabilizava a coleta de 489 toneladas de óleo e material contaminado ao longo do litoral pernambucano. De acordo com a Marinha, até segunda-feira (21) foram recolhidas 900 toneladas de resíduos de óleo cru nas praias do Nordeste. O óleo apareceu primeiro no litoral da Paraíba e se espalhou para Pernambuco, Alagoas, Ceará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e, mais recentemente, para a Bahia. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 72 municípios de nove estados tiveram suas praias afetadas pelo óleo. Uma das hipóteses é que o vazamento de óleo partiu de um navio irregular, chamado de dark ship, que passou pela costa brasileira. Os deputados da oposição, com apoio da maioria das bancadas do Nordeste, protocolaram um pedido para abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as causas do desastre ambiental provocado por vazamento de petróleo cru em praias de nove Estados. O autor da proposta é o deputado João Campos (PSB-PE), que afirma que governo federal apresentou poucos resultados no trabalho de apuração e combate ao derramamento de óleo. Nesta quarta-feira, as manchas de óleo estavam próximas ao arquipélagos de Abrolhos, no sul da Bahia. O documento foi assinado por 280 deputados. Se ao menos 171 foram confirmadas, o texto vai para o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) que decide se aceita ou não a instalação das investigações. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou a dizer que a origem do petróleo que polui as praias do Nordeste brasileiro é de originário da Venezuela. Ele afirmou ainda que o governo solicitou à Organização dos Estados Americanos (OEA) que mandasse um ofício para que o regime de Nicolás Maduro explique de onde vem a substância. Salles fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão na noite desta quarta-feira (23). “Amostras do material coletado foram analisadas em laboratórios especializados, que identificaram que esse material não foi extraído em território nacional, mas provem conforme demonstrado por analise técnica de poços e misturas de origem venezuelana”, disse. “Desse modo, o presidente da República determinou que fosse encaminhada solicitação formal à OEA para que a Venezuela se manifeste sobre o material coletado.” Salles afirmou que as barreiras de contenção, colocadas no litoral nordestinos após determinação da Justiça, não se mostraram plenamente eficientes para deter o avanço da mancha O ministro ressaltou ainda que o governo tem usado satélites nacionais e estrangeiros para identificar a origem dos resíduos.