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‘Samba de Orly’

A história da música “Samba de Orly” começou quando Chico Bu­arque, “convidado a se retirar do país” pela ditadura militar, mandou um telegrama para Toquinho, no Brasil, convocando-o para uma su­posta oportunidade de emprego em sua “nova casa”, a Itália. Toquinho não titubeou e comprou a passagem só de ida. Chegando lá, Chico contou a verdade: não havia oferta nenhuma; o convite foi só porque ele queria companhia, pois se sentia muito só naquele país. Mas ficou a promessa de que em dez meses as coisas melhorariam.

Toquinho confiou e realmente, quase um ano depois, já haviam surgido alguns convites. Mas, obrigado a voltar para o Brasil para shows com Vinícius de Moraes, o violonista deixou com o amigo uma melodia sem letra. Tempos depois, quando pôde retornar ao país, Chico foi procurar Toquinho, que fez questão de mostrar a ele algumas das muitas composições que fizera com Vinícius. Acontece que o poeta tinha uma certa “pinimba” com Chico por causa de suas inspiradas letras (quando lia uma letra de Chico Buarque, Vinícius achava que podia ter tido aquela ideia antes).

Sem ter muito o que apresentar, o Carioca mostrou aquela músi­ca que Toquinho deixara com ele, mas já com letra. Humilde, ele pe­diu a opinião de Vinícius, que logo deu seu veredicto: “O sambinha não é ruim, não, mas está precisando de alguma coisa”. Três minutos depois ele voltou com a letra, mexida em apenas uma frase, o que já foi suficiente para pedir a inclusão na parceria. “Foi um samba a seis mãos”, empolgava-se Vinícius, feliz de assinar uma composição com Chico Buarque.

Em época de ditadura, a música teve de ser mostrada à censura, que vetou apenas uma frase, exatamente a que foi sugerida por Viní­cius. No Canecão, Toquinho fez um certo suspense até contar o hila­riante desfecho: “Liguei para a Bahia, onde Vinícius estava, e contei para ele que a censura vetou justamente aquela frase dele. No que ele me respondeu: ‘Olha, então tira a frase do samba. Mas da parceria eu não saio mais!’”. O público, é claro, caiu na gargalhada, para depois cantar junto com Toquinho o belíssimo “Samba de Orly”:

Vai meu irmão
Pega esse avião
Você tem razão
De correr assim
Desse frio
Mas beija
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão
Pede perdão
Pela duração (Pela omissão)*
Dessa temporada (Um tanto forçada)*
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que…
Pede perdão
Pela duração (Pela omissão)*
Dessa temporada (Um tanto forçada)*
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que eu vou levando
Vê como é que anda
Aquela vida à toa
E se puder me manda
Uma notícia boa

Salve Vinícius de Moraes, Toquinho e Chico Buarque, salve o compositor popular!

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