Tribuna Ribeirão
Política

Bolsonaro não cita França em cerimônia de submarino

FOTO: TOMAZ SILVA/ AG.BR.

O presidente Jair Bolso­naro (PSL) ignorou a França ao participar da cerimônia de integração do submarino Hu­maitá, o segundo construído após parceria entre os dois países em 2008, ainda no go­verno de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele destacou a importân­cia do projeto para proteger a “soberania nacional” e disse que o Brasil vai vencer o que considera inimigos externos. “Quando o Brasil sofria um ataque sobre a dúvida da nossa soberania da Amazônia, tive a grata satisfação de, em nome do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), fa­lar para todo o mundo que a Amazônia é nossa e é patrimô­nio do Brasil”, afirmou nesta sexta-feira, 11 de outubro.

Bolsonaro também desta­cou, ao lembrar um dos lemas da campanha de 2018, que “seu partido é o Brasil”. Ele vive uma crise com o PSL, ao qual se filiou antes do pleito do ano passado. Outra indireta do presidente foi destinada ao governador do Rio de Janeiro e possível adversário na tentativa de se reeleger em 2022, Wilson Witzel (PSC), que estava na cerimônia. Olhando para o mandatário fluminense, disse: “Trabalho para que no futuro quem, por forma ética, moral e sem covardia, queira assumir a Presidência da Repú­blica tenha uma situação bem melhor do que a que encontrei no presente ano.”

O presidente e o governador se afastaram no último mês, de­pois que Witzel manifestou em mais de uma ocasião que quer disputar a eleição presidencial. Bolsonaro também olhou para o governador quando citou “ini­migos internos”. O presidente esteve no Rio para participar da integração das partes do subma­rino Humaitá, que entra agora na fase final de montagem antes de ser lançado ao mar para tes­tes. A embarcação é a segunda da série de quatro submarinos convencionais previstos em acordo feito entre o Brasil e a França em 2008.

O projeto tem financiamen­to francês. O país europeu vi­rou, nos últimos meses, o pivô da crise diplomática gerada pela política externa brasileira. Além de acusar o presidente francês, Emmanuel Macron, de querer “internacionalizar” a Amazônia, Bolsonaro fez de­clarações ofensivas à primeira dama Brigitte Macron.

A cerimônia ocorreu em Itaguaí, região metropolitana do Rio, no Complexo Naval. Também participaram, além de Witzel, diversos ministro de Estado, entre eles o da Econo­mia, Paulo Guedes, o da Defe­sa, Fernando Azevedo e Silva, e o de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O comandante da Marinha, o almirante ribei­rão-pretano Ilques Barbosa Jú­nior, também compareceu.

Após a junção das partes, o Humaitá passará mais um ano em fase de construção e aprimo­ramento de seu interior. Só no segundo semestre do ano que vem será lançado ao mar para a fase de testes. É nesse estágio que está o Riachuelo, o primeiro sub­marino previsto no Prosub. O pioneiro foi lançado ao mar no fim do ano passado, em cerimô­nia com o então presidente Mi­chel Temer (MDB) e o próprio Bolsonaro, que estava prestes a tomar posse na Presidência.

A Marinha prevê o lança­mento ao mar de um submari­no convencional por ano. Após o Humaitá será a vez do Tone­lero e, depois dele, do Angostu­ra. Eles devem ser lançados em 2021 e 2022, respectivamente. A justificativa para a construção de submarinos, num País que não passa por nenhuma guer­ra, é proteger a área conhecida como Amazônia Azul, onde está inserido, por exemplo, o polígono do pré-sal.

“Nós temos uma extensa área marítima que chamamos de Amazônia Azul, com 5,7 mi­lhões de quilômetros quadrados. É muito importante termos con­dições de garantir nossa sobera­nia e defender nossas riquezas”, disse o almirante Celso Mizuta­ni Koga, engenheiro responsável pela obras. Depois dos quatro convencionais, virá a construção do submarino à propulsão nu­clear. Ele levará o nome de Álva­ro Alberto, almirante brasileiro pioneiro na pesquisa do setor. O almirante Koga classificou esse futuro submersível como “a ce­reja do bolo” do Prosub.

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