Tribuna Ribeirão
Cultura

Obras avançam na Altino Arantes

FOTO: JF PIMENTA/ESPECIAL PARA O TRIBUNA

A Biblioteca Altino Aran­tes, localizada na rua Duque de Caxias nº 547, no Quarteirão Paulista, Centro de Histórico de Ribeirão Preto, passa, desde 28 de janeiro, por um amplo processo de reforma e restaura­ção. A intervenção está orçada em R$ 11 milhões e é bancada pela mantenedora Fundação Educandário Coronel Quito Junqueira, que desde julho de 2014 administra o local.

O Tribuna visitou a obra nesta sexta-feira, 11 de ou­tubro. Estão sendo restaura­dos vitrais, ferragem, madei­ramento do solo e janelas e afrescos. A casa sede tem 600 metros quadrados. Está sendo construído um prédio anexo, de dois andares, com 900 m² para abrigar um anfiteatro – com apresentações musicais e de dramaturgia –, cafeteria e sala de informática com wi­-fi e internet grátis para a po­pulação. A obra contempla a parte elétrica, hidráulica e físi­ca – estrutural (casa e telhado) e de restauração, o processo mais complicado.

A área de ampliação é ino­vadora e terá muita tecnolo­gia, com novos formatos de leitura, sem jamais esquecer a principal atração da casa: os livros, segundo o diretor­-administrativo da Fundação Educandário, Wagner Chiodi. Não há previsão de quando a obra será entregue, mas o Tribuna apurou que a Altino Arantes deve voltar a atender entre dezembro deste ano e o começo de 2020.

O projeto de reforma foi aprovado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histó­rico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e também pelo Conselho Mu­nicipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conp­pac), além de receber o aval do Ministério Público Estadu­al (MPE). A biblioteca conta com um acervo de aproxima­damente 50 mil títulos, sendo que dois mil livros são dispo­nibilizados em escrita braile – apesar do montante, Chio­di explica que cerca de duas mil obras são constantemente procuradas.

A Biblioteca Altino Aran­tes recebe anualmente um pú­blico visitante estimado em 43 mil usuários que a procuram para pesquisas, empréstimos de livros ou simplesmente para admirar a beleza arqui­tetônica do edifício onde está instalada. Muita gente procu­ra o local para passar o tempo durante o horário de almoço, principalmente por causa do wi-fi grátis.

A Biblioteca Altino Arantes
A origem da Biblioteca Altino Arantes remonta ao século 19, no ano de 1891, quando Francisco Maximiliano Junqueira, conhecido como coronel Quito Junqueira, se casou com Theolina Zemila de Andrade, grande benemérita ribeirão-pretana po­pularmente conhecida como Sinhá Junqueira. Em 1912, Quito Junqueira adquiriu de Carlo Barbieri o terreno onde seria edificada a nova residência do casal. Para a execução do projeto e das obras do palacete, foi contratado o prestigiado escritório de arquitetura e engenharia de Ramos de Azevedo.

As obras da elegante residência, tiveram início já no século 20, ano de 1928, e para a execução do projeto de arquitetura eclética, com forte influência neoclássica e o uso de elementos que remetem ao neocolonial brasileiro, Ramos de Azevedo se utilizou de materiais importados da Europa e uma grande quantidade de madeiras nobres brasileiras.

A planta do edifício, possui soluções arquitetôni­cas modernas que tiveram como grande novidade a eliminação de corredores, promovendo a distribuição dos cômodos a partir de grandes vestíbulos fartamen­te iluminados por vitrais artísticos. A casa contou com grandes inovações técnológicas para a época, como: o uso de elevador monta-cargas, água quente nos banheiros e aquecimento central.

Com o término das obras do palacete, o casal, que morava na sede da Fazenda da Serra, mudou­-se definitivamente para Ribeirão Preto. Quito Jun­queira viveu no casarão até sua morte, em 1938. A residência continuou sendo habitada por Sinhá Junqueira até o seu falecimento, em 1954.

Como o casal não teve filhos, após a morte do coronel Quito Junqueira, que havia se tornado o maior empresário do setor sucroalcooleiro das Américas, sua esposa criou, em julho de 1952, a Fundação Social Sinhá Junqueira, a qual doou todo o seu patri­mônio, com o intuito de assegurar a continuidade das obras filantrópicas mantidas por ela.

Um dos desejos pós-morte de Sinhá Junqueira, foi que sua residência passasse a abrigar, depois de sua morte, uma biblioteca pública, com acesso livre a todos os cidadãos. A Fundação Social realizou seu último desejo, inaugurando a Biblioteca Altino Arantes no ano seguinte ao de sua morte, em 1955.

A nova biblioteca pública recebeu o nome de Altino Arantes como forma de homenagear o deputado estadual e depois governador de São Paulo, que era parente e afilhado político do coronel Quito Junqueira. Hoje, é mantida pela Fundação Educandário Coronel Quito Junqueira, um dos braços da instituição filantrópica criada por Sinhá Junqueira. Atende segunda a sexta-fei­ra, das nove às 17 horas.

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