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SP quer ‘privatizar’ o Leite Lopes em 2020

JF PIMENTA/ARQUIVO TRIBUNA

O governador João Doria (PSDB) reiterou a intenção de transferir à iniciativa privada em 2020 todos os 21 aeroportos sob responsabilidade do Departa­mento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), autarquia vinculada à Secretaria Estadual de Logística e Transportes. Entre os equipamentos está o Aeropor­to Estadual Doutor Leite Lopes, em Ribeirão Preto. Segundo o tucano, em janeiro será divulga­da a modelagem dos primeiros terminais aeroportuários eleitos para desestatização. “Não faltarão investidores”, destaca Doria. De acordo com ele, em road shows já realizados para apresentar os aeroportos, o governo paulista identificou “pouca possibilidade” de investidores americanos.

O maior interesse é de players europeus, especialmente ingle­ses e alemães, e “enormes” chan­ces de participação de chineses e japoneses nas futuras disputas pelos ativos. No Leite Lopes, o primeiro road show ocorreu em 31 de maio. Desembarcaram em Ribeirão Preto executivos e técni­cos da IOS Partners, consultoria internacional contratada para fazer os estudos que vão definir a modelagem de desestatização – se privatização, concessão ou Par­ceria Público-Privada (PPP) –, e equipes do Daesp. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da autarquia informou ao Tribuna que a análise deve ser concluída em novembro.

Diz ainda que todo o proces­so de desestatização está previsto para terminar no primeiro trimes­tre do ano que vem. “O aeroporto de Ribeirão Preto está no plano de desestatização do governo pau­lista. O plano está sendo condu­zido pelo Daesp com assessoria da IOS Partners – consultoria in­ternacional contratada para rea­lizar os estudos que vão definir o modelo mais eficiente de gestão e funcionamento. A previsão é que os estudos sejam finalizados em novembro. Todo o processo de desestatização dos aeroportos es­taduais deve ser concluído no pri­meiro trimestre de 2020”, informa.

Já o projeto para ampliação do pátio do Aeroporto Leite Lopes está em tratativa entre o Daesp e a Secretaria Nacional de Aviação Civil (Snac) para a viabilização. “Informamos que o aeroporto está habilitado desde 2002 para o tráfego internacional de carga aérea”, ressalta o departamento administrador do aeródromo ri­beirão-pretano. Para definir qual o modelo de desestatização, Daesp e IOS Partner fazem inspeções da estrutura física, sistemas, procedi­mentos e espaço aéreo. Também analisam as vocações de cada ci­dade, com informações sobre o perfil da população e o potencial econômico e turístico das regiões.

No total, o plano de trabalho apresentado pela consultoria tem cinco fases com tarefas que vão desde a realização da aná­lise de mercado, de processos legais, projeções de demanda, estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, além da interface com investidores, apoio no processo licitatório e promoção dos aeroportos.

Inaugurado em 1939, atual­mente o Leite Lopes opera voos da aviação geral (executiva) e re­gulares de empresas aéreas como Latam, Passaredo e Azul, que tra­balham com aeronaves como o Airbus A320, E195, E 190, ATR 72. Até agora o aeroporto de Ri­beirão Preto recebeu recursos de R$ 3,94 milhões por parte do governo de São Paulo. O inves­timento foi usado para obras de alargamento nas duas cabeceiras 36 e 18 (turn around), para rece­ber aeronaves maiores, do porte dos Airbus 767 e 330.

Também foram instaladas luminárias para orientação das manobras noturnas dos pilotos e o Daesp aguarda a homologação da pista com os turn around pela Agência Nacional de Aviação Ci­vil (Anac). O Leite Lopes já está, desde 2002, habilitado para o trá­fego internacional de cargas – o problema é que a pista não com­porta aviões cargueiros.

Governo federal
O governo federal já em­penhou R$ 10 milhões no or­çamento da União deste ano e aguarda o projeto executivo do Estado para realizar todo o re­cape da pista do Aeroporto Leite Lopes, o alargamento das pistas de taxiamento e também a am­pliação do pátio de aeronaves, de 27 mil metros quadrados para 47 mil metros quadrados.

Os novos investimentos pre­vistos são de R$ 15 milhões, sendo que R$ 10 milhões já estão em­penhados e outros R$ 5 milhões serão para a recuperação total da pista, alargamento e reforço da área de taxiamento, ampliação do pátio de aeronaves e o reforço com ampliação do Sistema de Comba­te à Incêndio (SCI). O terminal de passageiros vai ser ampliado – passará de 4.500 mil metros quadrados para 15 mil m² –, mas não será mais com recursos do governo federal. O investimento ficará sob a responsabilidade da empresa investidora que assumirá a administração.

Em 2017, o então presiden­te da República, Michel Temer (MDB), havia confirmado investi­mentos de R$ 88 milhões no Leite Lopes para pouso e decolagens de aviões cargueiros que operam em rotas internacionais – a primeira será entre Ribeirão Preto e Miami, na Flórida, Estados Unidos. Além dos R$ 8 milhões de contraparti­da do governo estadual, a União investiria R$ 80 milhões. Com as mudanças anunciadas durante a semana, R$ 70 milhões virão do modelo de concessão e não mais dos cofres públicos federais.

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