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Cidade Patrona da Aviação

O competente e operoso vereador Marcos Papa sugeriu à Câmara Mu­nicipal a inclusão, no Calendário de Eventos Oficiais do Município, do “Dia de Ribeirão Preto como Patrona da Aviação”, considerando que aquela entida­de, em 1903, por iniciativa do Prefeito Aureliano de Gusmão doou um conto de reis para que Santos Dumont continuasse as suas experiências em Paris.

A iniciativa é muito meritória pois, além da quantia doada, foi dos cafezais de Ribeirão Preto que saíram os recursos para que Santos Dumont desse asas ao homem.

Há grandes e expressivas ligações de nossa cidade com o inventor. Seu pai, Henrique Dumont, foi o primeiro Rei do Café, proprietário de vastos cafezais nos arredores da cidade. Santos Dumont passou sua infância na fazenda. Conta a história que, um dia, brincando com crianças da roça de “bicho voa”, quando perguntado se homem voa, o inventor virou motivo de chacota porque respondeu que o homem, sim voaria.

Sempre fascinado por mecânica, estudava as engrenagens da locomoti­va a lenha usada na estrada de ferro que ligava a fazenda à cidade de Ribei­rão Preto, cuja estação ficava ao lado da Mogiana, na Vila Tibério. Certo dia, ainda menino, o inventor apossou-se dos controles da máquina e disparou em direção à cidade. Foi preciso que o maquinista a cavalo alcançasse a locomotiva, assumindo-a no meio do caminho.

Henrique percebe que o filho não tinha vocação para a lavoura, mas sim para mecânica e o envia para Paris a fim de se dedicar a sua área pre­ferida. Na Cidade Luz, torna-se logo personagem público, com seus balões que rasgam os céus da cidade. Eles são usados como incipientes meios de locomoção, precárias aeronaves ao sabor dos ventos, até o dia em que ele consegue controlar sua dirigibilidade, contornando a Torre Eiffel. O prêmio que recebe pelo feito é dividido metade para seus mecânicos e auxiliares, metade para os pobres de Paris, o que demonstra a independência financei­ra do inventor, criada com recursos do café de Ribeirão.
Apesar desta ligação umbilical, não temos manifestações expressivas que demonstrem a participação de nossa cidade no surgimento do avião.

Por isto que a iniciativa do vereador Marcos Papa é não só oportuna, como merece o apoio de toda a comunidade. Um povo sem história nunca estará preparado para enfrentar o presente e o futuro. A invenção de Santos Dumont foi fundamental para que o mundo se encolhesse, os povos se conhecessem e surgisse o sentimento globalizador que caracteriza nosso tempo. Não conseguimos imaginar o mundo atual sem o avião.

Além da data em si, a proposta pode ser expandida para que se insira no currículo municipal de ensino capítulo sobre a importância do inventor e de seu invento. As novas gerações precisam ser informadas da presença de Ribeirão Preto na formação de Santos Dumont. Eventos poderão ser reali­zados para que a população toda possa comemorar a data, com a presença da Aeronáutica e de autoridades ligadas ao assunto, acionando-se o vizinho município de Dumont (onde se localizava a fazenda do pai do inventor) para deles participar.

O jornalista Luiz Eduardo Arruda Rebouças, de nossa cidade, entusias­ta do assunto, já manteve contatos importantes que poderão abrilhantar as comemorações, como a vinda de detentor de várias maquetes dos inventos de Santo Dumont, bem como a distribuição escolar gratuita de livro sobre o inventor, à espera de uma coordenação que o “Dia de Ribeirão Preto como Patrona da Aviação” proporcionará.

Nosso aeroporto, que exibe cartazes sobre o inventor, bem poderia ter um painel onde constasse a frase: “Dos cafezais de Ribeirão Preto vieram os recursos para que Alberto Santos Dumont desse asas ao Homem”. Fica a sugestão.

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