Depois do Instagram e do YouTube, o Facebook vai esconder a quantidade de curtidas das publicações na rede social. Com isso, o número público de curtidas, reações e até visualizações de vídeos não aparecerá mais para os demais usuários. A medida começou como teste no último dia 27 de setembro, na Austrália.
A mudança atingiu tanto imagens na linha do tempo quanto as fotos listadas no perfil de cada usuário. A proposta da empresa é que isso ajude a sua comunidade a se engajar mais com as fotos e vídeos do que com a aceitação social denotada pelo número de curtidas.
O Instagram, que tomou medidas parecidas em julho, informou que a ação era para que as pessoas não se sentissem em competição dentro da rede. Paralelo a isso, a rede conseguiu combater aplicativos que vendiam curtidas.
“O fim das curtidas é uma forma de tirar um pouco a ansiedade das pessoas que postam fotos e vídeos aguardando reconhecimento. Os likes se tornaram uma busca por aprovação social. Por isso você vê nas redes sociais um universo que só há felicidade. A vida de todo mundo é muito perfeita e as pessoas atribuíam isso ao número de curtidas”, avalia o jornalista e publicitário, Eduardo Soares, especialista em marketing digital. “Nós chamamos isso de métrica da vaidade. Mas a métrica mais importante para quem trabalha com marketing digital é observar o engajamento das pessoas nos post, como comentários, compartilhamentos e menção do que foi postado. Quando ela participa, realmente ela teve um engajamento”, completa Soares.
O especialista diz ainda que quando as plataformas digitais retiram as métricas da vaidade, o jogo no marketing digital fica nivelado. “Grandes influenciadores se vendiam nesse mercado de curtidas. Curtidas como seguidores sempre puderam ser comprados, então em marketing digital, curtidas nem sempre foram importantes”.
O professor Daniel Pires tem um perfil há cinco anos no Instagram e 50 mil seguidores. A página nasceu quando Daniel tinha uma confeitaria e usava a rede social para divulgar seus produtos. A confeitaria fechou e Pires foi lecionar, mas deu sequência à rede social. “Minhas postagens são despretensiosa, são minhas rotinas mesmo. Acho que acaba dando certo porque sou despretensioso, não faço propaganda e nem impulsiono”, diz.
Pires é favorável ás medidas adotadas pelas plataformas digitais de as curtidas não aparecerem. “As curtidas estavam contaminando a experiência no Instagram. Não só do usuário, mas também estava criando uma situação de desconforto para quem gerencia a página. Ficou uma máquina de disputa de curtidas. As pessoas ficavam empenhadas em saber quantas curtidas ao invés de saber do que se tratavam as publicações”, avalia.
O professor também alerta para as curtidas compradas. “Você tinha uma publicação com 300 curtidas, mas a grande maioria era de países asiáticos. Nada relacionado com a publicação. Isso não acrescenta nada, não tem engajamento”, fala. “Agora as pessoas devem se preocupar mais com o conteúdo que será postado, ao invés de quantidade de postagens buscando uma chuva de likes para alimentar o ego”, completa. Mesmo não aparecendo, Pires diz que os números de curtidas em suas publicações permanecem como antes.
O jornalista e social media da FollowX Comunicação, Rafael Gonçalves, tem pensamento parecido. “Com a chamada compra de likes e os diversos robôs interativos que fazem este número aumentar sem que haja engajamento, desvalorizaram a ferramenta e criaram uma guerra de números desnecessária na rede. Analisar número de curtidas é válido, mas não mais importante que avaliar o engajamento, a audiência, a frequência em que determinado conteúdo foi visto. Ou seja, o número de pessoas alcançadas em um conteúdo personalizado, correto e engajado tem muito mais valor”, comentou.
Gonçalves diz que as redes sociais estão tomando outras proporções. “Hoje são mídias digitais, um novo veículo de comunicação, e todas as empresas precisam estar nela, interagindo com o público e potencial cliente. A lei da oferta e da procura hoje está no Facebook, no Instagram. A empresa, o negócio, que ainda não estiver fazendo uso do marketing de conteúdo já está sendo ultrapassado pelo concorrente que se transformou digital”, finaliza Gonçalves.