Tribuna Ribeirão
Geral

Sepultada a 250ª vítima rompimento de barragem

Uma multidão acompa­nhou o velório do funcionário da Vale Luciano de Almeida Rocha, de 40 anos. Ele era téc­nico de operações, e estava na área administrativa na hora do rompimento da barragem de rejeitos de minério.

“Eu estou agradecendo a Deus por esses oito meses ter guardado o meu filho debaixo daquela terra. E me devolver ele para ser despedido agora, com a família”, afirmou a mãe da víti­ma Maria Aparecida Rocha.

Outros três primos de Ro­cha também morreram na tra­gédia. Segundo o capitão Pau­lo Enocke Marques da Silva, o corpo encontrado por volta das 10h15 de domingo (29) es­tava soterrado a 2,5 metros de profundidade, a cerca de sete quilômetros em linha reta da barragem que se rompeu, em uma área que os bombeiros batizaram como Remanso 4.

No total, os 138 bombeiros dividiram a área de buscas em 20 frentes. Localizar mais uma vítima após 248 dias de traba­lhos contínuos renovou as espe­ranças dos militares. “Isto serve para nos reanimar a seguir com as buscas pelos desaparecidos”, disse o capitão.

Para ele, o deslocamento do efetivo para atender os efeitos da tragédia decorrente do rompi­mento da mineradora Vale exi­ge sacrifícios de bombeiros de todo o estado de Minas Gerais. Para tentar acelerar os trabalhos, há quase um mês os bombeiros usam uma nova estratégia.

Como mais de 90% dos corpos já resgatados foram en­contrados a cerca de três metros de profundidade, os homens passaram a cavar até este limite. “Inicialmente, optamos por es­cavar prioritariamente os locais onde acreditávamos haver mais chances de encontrarmos cor­pos. Em alguns destes pontos, chegamos a cavar até 16 metros, 18 metros,” relatou.

Além de máquinas pesadas e cães farejadores, o Corpo de Bombeiros utiliza um aplicati­vo que, segundo o capitão, foi desenvolvido pelos próprios especialistas da corporação, em parceria com técnicos da Vale. “Ele nos permite identificar os pontos já escavados e as áreas em que ainda não chegamos aos três metros”, diz.

“É um aplicativo que indica, inclusive, onde já cavamos um ou dois metros, mas onde ainda não chegamos aos três metros”, explicou Silva, comentando que, até o início da semana, ainda fal­tava vasculhar um terço de toda a área de buscas.

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