João Amós Comênio afirmou, no século 17: “Que a proa e a popa de nossa didática sejam: buscar e encontrar um método para que os docentes ensinem menos e os discentes aprendam mais; que nas escolas, haja menos conversas, menos enfado e trabalhos inútil, e mais tempo livre, mais alegria e mais proveito, menos trevas e mais luz”.
O incrível é que essa fala aconteceu no século 17, no entanto, o atual governo brasileiro, através do obtuso e obscuro ministro da Educação, que com os asseclas de sua equipe, todos analfabetos funcionais, querem militarizar as escolas públicas básicas, todas localizadas nas periferias pobres, onde não existem as infraestruturas mínimas para se viver com dignidade, com escolas depredadas e abandonadas pelo poder público, são locais que a atuação da polícia, principalmente a militar é só para reprimir pobres e negros.
E para variar, Ribeirão Preto, que tem um prefeito alinhado com essa corja de Brasília, já selecionou três escolas localizadas nas periferias pobres, com a maioria da população negra, para implantar esse tipo de educação coercitiva que não cabe mais no século 21. A justificativa do secretário da Educação é que são escolas com alta venerabilidade, e com baixo índice no Ideb, na avaliação da secretaria. Contudo, estas escolas são avaliadas pelo Ideb desde 2007, e após doze anos ainda se encontram com os mesmos problemas – o que foi feito neste período?
O século 21 não permite mais que a educação básica continue fincada na Idade Média, com modelos jesuíticos e cartesianos corroborados no século 19. Ribeirão Preto, uma das cidades mais ricas do Brasil, deveria dar um passo à frente e começar a olhar os modelos de educação inovadora existentes em diversos lugares do País, com resultados reconhecidos mundialmente.
A formação inicial e contínua do professor não abarca o trabalho junto às comunidades vulneráveis, com um quadro agudo de desigualdade sociocultural e seus desafios, pois formam professores ao invés de educadores, que têm a formação voltada para o ensino e aprendizagem, trabalham como tutores – ensinam e aprendem junto com os educandos.
Mas o modelo que impera na maioria das redes públicas é do professor dador de aulas, pois os modelos impostos pelas secretarias de educação induzem os professores a apenas passar os conteúdos programados, e cumprir os prazos estabelecidos, sem a preocupação com o aprendizado dos educandos, que vão se defendendo na decoreba, pois o que importa é finalizar este período de sofrimento, mais que deveria ser de prazer e contentamento.
A tristeza maior é ver professores que defendem estas obtusidades, com o argumento ultrapassado, de que a escola não educa, ela apenas passa os conteúdos estabelecidos, que a educação vem de casa, e que a escola cívico-militar vai facilitar o seu trabalho, pois segundo a visão destes docentes não haverá indisciplina e nem contestação por parte dos educandos.
O ideal de escola que os educandos queiram frequentar até nos finais de semana vai ficando nos sonhos daqueles, que como eu acreditam que um dia possa ser diferente, e que este modelo confinador e criminoso, que há tempos causa tantos prejuízos aos educandos fique somente nas lembranças, e que o serviço militar obrigatório a partir dos seis anos seja abolido junto com essa corja de gente sem luz, e adeptas das travas. O século 21 pede escolas inovadoras, onde os educandos sejam os principais atores, com autonomia para aprender e ensinar, e formem cidadãos plenos, que conheçam os seus direitos e deveres.