Ultimamente tem aparecido algumas esquisitices nas mídias sociais que não existiam antes. Duas delas causam espanto para quem tem um mínimo de conhecimento: a pregação de que a Terra é plana e a certeza de que vacina causa autismo e outras doenças.
Desde os descobrimentos, há mais de 500 anos, tem-se a prova de que nosso planeta é redondo, o que está mais do que comprovado com fotos da Terra tiradas da Lua e dos inúmeros satélites artificiais que a orbitam. Negar isto é prova de desinteligência e motivo de chacota, mas várias pessoas insistem no tema.
Houve há pouco um congresso em São Paulo para provar a afirmação. O mesmo se dá para aqueles que não acreditam na teoria da evolução e se apegam à historinha de que Deus, todo Supremo, num lance de escultor, criou Adão e dele Eva. A afirmação era crível até o Humanismo expor as possibilidades da Ciência, o que redundou em profundos estudos mostrando que a Criação é obra em constante movimento e não um fato histórico que ocorreu há milhares de anos, estático no passado.
Estas crenças, se são bizarras, não trazem prejuízo para a Humanidade, não têm reflexo na existência do Homem e desaparecerão junto com várias outras que se enterraram no passado.
A luta contra a vacina, porém, é altamente prejudicial a quem não a toma e reflete negativamente na saúde pública. Sempre existiu um dilema entre a defesa da liberdade individual e a defesa do bem comum, embora esteja claro como valor universal a predominância do bem comum sobre o individual.
O cidadão pode fazer tudo que não seja proibido pela lei, pela moral e pelos bons costumes, limitada sua ação pelo respeito aos direitos dos outros, sejam eles individuais ou comunitários. Minha liberdade vai até o limite da liberdade do próximo.
Não tomar a vacina afeta não somente o questionador como atinge toda a comunidade onde ele vive, pois, se cair doente, será foco de propagação da doença.
As vacinas foram e ainda são produtos de estudos sérios e custosos. Foram decisivas na melhora da saúde da humanidade, na diminuição da mortalidade e no aumento da expectativa de vida. Foram tão eficazes que doenças foram eliminadas da face da Terra, algumas com alto grau de letalidade.
No mundo fakenews, alguém postou na Internet que as vacinas causavam autismo. A afirmação viralizou nas mídias sociais e passou a ser verdade criada: o número de pessoas que não mais se vacinou foi crescendo e o resultado é o ressurgimento de doenças que estavam ausentes da realidade dos países. Surtos de sarampo, coqueluche e febre amarela atingiram a população mundial e teme-se que a poliomielite,que aleija quem a pega, possa surgir de novo.
Um paradoxo da situação atual é o sucesso das vacinações já realizadas, imunizando a maioria das pessoas contra os vírus de doenças banais do passado. Como elas dificilmente existem, criou-se uma sensação de certeza de que estas doenças não mais aparecerão e assim a vacina é desnecessária. Ocorre porém que a realidade atual demonstra o equívoco deste entendimento.
Urge que todos nós analisemos com critério este modismo contra vacinas e tentemos mostrar o erro de quem defende a não imunização. Se este convencimento não ocorrer, é justo que a sociedade e o Estado, em sua defesa, tomem medidas impositivas para que todos se vacinem.
É pertinente a determinação de que crianças não vacinadas sejam impedidas de frequentar escolas, bem como a criação de dificuldades para adultos na mesma condição.
É a nossa vida, de nossa família, de nossos amigos e de nossa comunidade que está em jogo devido a um entendimento errado sobre o papel da vacina.