Cantor lírico, maestro, professor de história da arte e história da ópera e produtor artístico, Camilo Calandreli, 36 anos, é um dos gestores do Grupo Brasil Limpo de Ribeirão Preto, que defende o que considera posições firmes e conservadoras sobre valores sociais, ideias e posturas políticas.
Nos próximos dias 5 e 6 de outubro, o Brasil Limpo realiza em Ribeirão Preto, pelo terceiro ano consecutivo, o evento a Agenda Conservadora 2020 considerado pelos organizadores uma referência na política de direita do interior. O evento será realizado no Hotel JP.
Em entrevista ao Tribuna, Calandreli afirma que “ou você é ou não é. Ser cristão, conservador, contra aborto, a favor da vida, contra doutrinação ideológica nas escolas, menino ser menino e menina ser menina não é ser radical”, diz.
Tribuna Ribeirão – No que consiste o Grupo Brasil Limpo?
Camilo Calandreli – O Grupo Brasil Limpo tem como objetivo principal a luta contra a corrupção e contra o comunismo em nosso país. Atualmente conta com sete gestores, formou-se por patriotas e conservadores no início de 2015, com respeito e admiração por nosso país, garra e coragem na defesa de nossa soberania. São dezenas de ações, das quais já participaram centenas de milhares de pessoas. Manifestações de rua, filantropia, simpósios e várias outras atividades inclusive as políticas.
Como ele foi criado e por quais mudanças passou?
Camilo Calandreli – O Brasil Limpo passou por algumas transformações ao longo de sua existência. Da equipe que fundou o grupo em 2015, apenas três membros seguem atualmente. A atividade se resumia no combate à corrupção, sendo certo que sua criação se deu devido aos desmembramentos da Lava Jato e o Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Aos poucos o grupo entendeu a necessidade de ampliar suas ações, partindo para o campo do desenvolvimento de ideias e as colocando em prática para a construção de um novo Brasil. Criamos o I Simpósio Nacional Conservador de Ribeirão Preto em 2017 e começamos a difundir o pensamento liberal na economia e conservador nos usos e costumes em diversas ações. A partir de 2017 apoiamos com todas as nossas forças a eleição do hoje presidente Jair Bolsonaro e ampliamos o nosso simpósio. Hoje o grupo está mais maduro, direcionado para as políticas conservadoras e as pautas defendidas pelo atual Governo, com novos integrantes, mais grupos de ação nas ruas, pretendendo a criação de uma Agenda Conservadora para Ribeirão Preto e a Região Metropolitana.
O Grupo tem características ligadas ao conservadorismo e a chamada direita?
Camilo Calandreli – É formado por conservadores, nos hábitos e costumes, e liberais econômicos. Combatemos o bom combate nas ruas e nas redes sociais, principalmente contra a corrupção, marca registrada do nosso grupo. Defendemos a manutenção das instituições sociais tradicionais no contexto da cultura e da civilização ocidental. Afirmamos categoricamente que possuímos valores inegociáveis, questões das quais, não abrimos mão, porque formam a base de nossa estrutura individual, social e através deles é que conseguiremos estruturar uma cidade e um país que almejamos.
Lutamos também por um Estado descentralizado, o menor possível, com ações mais fortes principalmente nos municípios, com menos impostos e que não imponha uma engenharia social para o povo brasileiro, com base em ideologias ou ideias que degradam a sociedade, corrompendo a própria natureza humana.
Afirma-se que o Brasil vive um momento de radicalismo com posições extremadas. Como o senhor analisa essa afirmação?
Camilo Calandreli – Não há radicalismos, o que existe são posições firmes acerca de valores, ideias e posturas políticas. E isso é bom, pois não se deve relativizar esses processos. Ou você é ou não é! Ser cristão, conservador, contra aborto, a favor da vida, contra doutrinação ideológica nas escolas, menino ser menino e menina ser menina não é ser radical. Vivemos numa democracia, livres para pensarmos e agirmos de acordo com as nossas convicções éticas e morais. Portanto, essa narrativa implantada como radicalismos interessa apenas àqueles que costumam transformar a sociedade lentamente e de forma estratégica para um modelo de engenharia social global. Dialogo deve existir sempre, porém, valores e conceitos precisam ser claros e defendidos de forma democrática. Se eu defendo as crianças contra a ideologia de gênero, isso não é ser radical, é meu direito enquanto cidadão. As pessoas precisam entender que para tudo há um limite.
O radicalismo seja de que posição ideológica for não ameaça o regime democrático?
Camilo Calandreli – Não há radicalismo da nossa parte, mas posições claras e definidas. Segundo, o conservadorismo não é ideologia, pelo contrário, é a ausência de ideologia, é um estado de espírito. Somos herdeiros da civilização ocidental, do Cristianismo, do estado de direito e herdeiros do processo democrático. Essa é a natureza do Brasil e não queremos destruí-las.
Entre os temas que serão debatidos no Simpósio Conservador estão a monarquia e o militarismo. Por que tema tão específicos?
Camilo Calandreli – Dividimos o simpósio por painéis de debates, de forma específica, apresentando em cada área de discussão soluções para um projeto de país. Muitos conservadores são monarquistas, outros são admiradores dos militares e suas condutas. Enfim, trazer para o debate todas as correntes que possam somar com um projeto de Brasil diferente daquele implantado pela esquerda comunista/socialista, ao longo, das últimas décadas.
Existe a possibilidade do Grupo Brasil Limpo se transformar em um partido político?
Camilo Calandreli – Não houve entre os gestores do Grupo um pensamento relativo a essa questão em si. No momento, não. Aliás, defendemos as candidaturas independentes, sem a necessidade de partidos.
Em sua avaliação quais foram os principais acertos até o momento do Governo do presidente Bolsonaro?
Camilo Calandreli – Acertou na filosofia de trabalho, na escolha dos seus ministros, destacando: Sérgio Moro, Paulo Guedes, Tarcísio Gomes (que faz um exímio trabalho com o Exército Brasileiro nas rodovias do Norte e Nordeste do Brasil), Abraham Weintraub, Ricardo Salles, enfim um timaço. Muitos são os acertos nesses quase nove meses de trabalho, em todas as áreas: diminuição dos índices de desemprego, da criminalidade (inclusive feminicídio), investimento do dinheiro de corrupção da Lava Jato para a Educação e Meio Ambiente, menor risco país em anos, quedas históricas e a menor da taxa de juros, abertura de mercado para países europeus, asiáticos e africanos, tratado de livre mercado com União Europeia e o Mercosul. Fez uma aproximação inédita com os Estados Unidos da América e investiu na pensão vitalícia para portadores do Zika Virus, combate efetivo na apreensão de drogas e do dinheiro circulado pelo tráfico, Pacote Anticrime do Moro e a Reforma da Previdência encaminhada e próxima de ser aprovada. Ao olharmos para a realidade vamos enxergar muita ação nesse primeiro momento de mandato, destaque para o empenho das Forças Armadas na reconstrução de nosso país.
E quais são os erros que o governo cometeu até o momento?
Camilo Calandreli – O Governo pode até errar tentando acertar e cumprir os compromissos assumidos. Na política convivemos com um sistema parlamentarista oculto, onde quem determina o que vai ou não ser aprovado e quando será é o Congresso Nacional. Não identificamos erros do presidente, confiamos na sua liderança e equipe, nos projetos e programas para o Brasil e cremos que tudo caminha, dentro das circunstâncias e do possível. Talvez alguns detalhes precisem ser ajustados, na área de comunicação e isso ocorrerá com o tempo e de forma natural.