Paulo Gomes, especial para o Tribuna
Um dos maiores ícones da cultura pop mundial está completando 80 anos, mas continua a conquistar adultos e crianças como fazia décadas atrás. O Batman, personagem criado pelo artista Bob Kane e pelo escritor Bill Finger, está presente em todas as mídias atuais, seja no cinema, na televisão, em séries, animações, brinquedos, livros ou HQs.
Com milhões de produtos licenciados de todos os tipos, é uma marca que não se esgota e levanta um questionamento sobre o porquê de o herói ainda fazer sucesso depois de todos esses anos. “O Batman é um ser humano, é uma pessoa comum, uma pessoa como nós” defende Márcio Escoteiro, o maior colecionador de itens do Batman no Brasil e um dos cinco maiores do mundo.
Para ele, o homem-morcego é um símbolo de algo maior. “Ele inspira as pessoas a terem autoconfiança, a verem que podem mudar a sua vida”, comenta. São de Escoteiro a maior parte das 520 peças disponíveis na mostra “Batman 80 – A exposição”, montada no Memorial da América Latina, em São Paulo, e que irá até 15 de dezembro.
Ao visitar a exposição, o público encontra logo no início réplicas em tamanho real de três carros do universo do herói. Há o famoso Batmóvel do filme “Batman”, dirigido por Tim Burton e lançado em 1989, e o carro da série cômica dos anos 1960, além de uma versão do carro do Coringa, arqui-inimigo do homem-morcego.
Para começar a jornada pela parte interna da exposição, os portões da mansão de Bruce Wayne, alter ego do Batman, aguardam pelos visitantes. Não espere ver apenas itens dispostos em fileira para apreciação do público. Segundo o curador e também colecionador de peças do herói, Ivan Freitas da Costa, além da cenografia, rica em detalhes, a proposta da exposição é totalmente imersiva, contando uma narrativa.
“Os visitantes vão passando sala a sala como se eles fossem o Batman/Bruce Wayne. Em uma exposição tradicional, talvez a Batcaverna fosse o ápice, mas aqui não. Nesta, ela começa na Batcaverna e vai evoluindo. E tem o grande final quando a pessoa, de fato, encontra o Batman. Até este ponto, é como se ela fosse o Batman” explica Ivan, que também é sócio-fundador da CCXP, já considerada a maior convenção de cultura pop do mundo em número de participantes.
Segundo o curador, a identificação do público com o Batman foi fundamental para a montagem da exposição nesse estilo imersivo. “Ele não tem superpoderes, não é alguém privilegiado nesse aspecto. Ele não é um alienígena poderoso ou recebeu um anel mágico. A história dele começa, na verdade, com uma tragédia. Ele vai se reconstruindo para se tornar alguém melhor, alguém que as pessoas podem almejar ser no aspecto da superação, do foco, da determinação” explica.
Para o conceito da exposição, Ivan esclarece que todos podem conferir a mostra. “A exposição é para toda a família. Tanto para o fã mais hardcore quanto para aqueles que conhecem pouco ou quase nada sobre o Batman, mas querem ter um programa divertido para curtir”.
A imersão começa pela sala de jantar da mansão Wayne. Uma longa mesa disposta contém várias edições das histórias impressas do Batman, itens raros de colecionadores, incluindo uma réplica da HQ da primeira aparição do homem-morcego, a Detective Comics número 27, de 1939. A partir daí, o visitante passa pela Batcaverna, com itens dos filmes e séries de TV do herói, tudo em volta de um segundo Batmóvel dos anos 1960 em tamanho real. Após passar por um corredor temático sobre os diferentes personagens que vestiram o manto do Robin, há o cenário do Departamento de Polícia de Gotham City, com uma grande réplica do batsinal, depois o Asilo Arkham, com a galeria de vilões, seguido por três salas dedicadas à Mulher-Gato, Arlequina e Coringa, respectivamente, culminando no espaço final, com artes exclusivas e uma grande estátua do Batman.
As possibilidades de interação são inúmeras, com botões e telefone que acionam gravações de áudios dos vilões e do herói, muitos espaços preparados para fotos interativas com os cenários, artes para ver com óculos 3D, espelhos que distorcem a imagem refletida, entre outras atrações.
“Há vários itens colecionáveis sensacionais, as artes incríveis, as interações com os personagens que falam quando você clica, ou a ligação na qual você ouve a voz do Batman. Achei tudo muito bom” comenta a advogada Evelin Barbosa, que, apesar de ser muito fã do homem-morcego, adquiriu um pouco mais de informações sobre o herói durante o passeio pela exposição. “Tinham alguns vilões ali que eu não conhecia. É muito interessante quando você entra no Asilo Arkham que mostra todos os inimigos dele” comenta a fã.
Assim como os organizadores, a advogada acredita que as pessoas se identificam com o Batman por ele ser humano. “Ele não é um super-herói que tem um superpoder, ele é um homem normal, focado, que tem um treinamento especial” completa.
Outro visitante que passou pelos cenários de “Batman 80 – A exposição”, o figurinista Ricardo Antunes acredita que o herói evoluiu bastante durante suas oito décadas de existência. “Eu acho que ele mantém uma essência, mas mudou muito ao longo do tempo. Ele se adapta aos períodos, e isso o faz sobreviver, pois quando o mundo muda, ele também vai mudando” esclarece. Assim como seu personagem-tema, a exposição também se adaptou à sociedade para que todos possam se identificar e aproveitar. Além de todo o acervo, cenografia e conteúdo, há uma grande área voltada à acessibilidade para deficientes visuais. “A mesma estátua que encerra a exposição está em uma escala menor para que as pessoas possam tocar, tem audiodescrição, tem libras, tem o pôster oficial em alto-relevo, imagens em alto contraste, tudo para que quem tem baixa visão possa identificar” descreve o curador da exposição.
Assim como o Batman vem inspirando e divertindo diversas gerações em 80 anos de história, a exposição comemorativa do homem-morcego chega a São Paulo com o mesmo intuito, voltada para todos que se interessarem e quiserem entretenimento, despertando o herói que há dentro de cada um. “Batman 80 – A exposição” seguirá até 15 de dezembro no Memorial da América Latina, na capital paulista, e os ingressos variam de R$ 17,50 a R$ 45.