Pela primeira vez, a 19ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, realizada de 9 a 16 de junho deste ano, recebeu o projeto Doadores de Voz, uma iniciativa da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), uma das apoiadora culturais da festa literária. Durante o evento, quem passou pelo estúdio do projeto teve a oportunidade de realizar um ato de cidadania através da gravação de sua voz para a leitura de livros.
As gravações, que serão encaminhadas para a Associação de Deficientes Visuais de Ribeirão Preto (Adevirp), já estão disponíveis no site da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto (fundacaodolivroeleiturarp.com/ doadores-de-vozes/) e podem ser acessadas gratuitamente. Durante a Feira do Livro, muita gente passou pelo estúdio do projeto e teve uma experiência única ao doar sua voz, inclusive escritores como Amara Moira, João Anzanello Carrascoza, Monja Coen, Xico Sá, Gustavo Pacheco, Emílio Faria, Heloisa Prieto e Marçal Aquino.
Foram gravados vários livros e trechos, entre eles “O menino que furou o céu”, do próprio autor João Anzanello Carrascoza; “Se eu tivesse meu próprio dicionário”, de Ni Brisant; “O baú secreto da vovó”, de Heloísa Prieto, “Coquetel Motolove”, de Luiza Romão, entre outros. Foram mais de 50 vozes gravadas que serão disponibilizadas, em breve, à instituição que dá apoio e atendimento a deficientes visuais.
O projeto veio ao encontro de um dos focos da Feira Nacional do Livro neste ano: a inclusão. Para a presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, Dulce Neves, a presença do Doadores de Voz foi um sucesso e atraiu muita gente. “É nosso papel, como formadores de novos leitores, incentivar este ato de cidadania para o nosso público. Certamente, o projeto Doadores de Voz estará conosco na próxima edição da Feira, incentivando novos autores participantes a doarem suas vozes”, destaca a presidente.
Doadores de Voz
O projeto de extensão Doadores de Voz, dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade de Ribeirão Preto, promove a inclusão social. Tem o objetivo de gravar a leitura de livros para deficientes visuais possibilitando o acesso a obras literárias recentes. Foi criado em fevereiro de 1999 pelo professor Gil Santiago, incentivado pela professora Marlene Taveira Cintra, presidente da Adevirp.
Ela estava determinada em oferecer aos deficientes visuais atendidos pela instituição o acesso a obras literárias, principalmente títulos direcionados aos mais jovens. Desde então, recebe o apoio da Unaerp, constituindo-se em um importante projeto de extensão. Trata-se de um projeto de grande relevância, realizado de forma voluntária, que permite a formação intelectual e cultural dos sujeitos participantes.
Com 20 anos completados em fevereiro deste ano, o projeto grava uma média de dez livros anualmente. Para 2019, tem ainda cerca de 15 obras para a edição da gravação. Os audiolivros são gravados no Estúdio de Áudio do Núcleo de Comunicação, com acompanhamento de um técnico, também responsável pela edição final da gravação.
Finalizados, os audiolivros são masterizados em mídias digitais (CDs) e colocados à disposição das instituições que trabalham com a inclusão de pessoas com deficiência visual e, em Ribeirão Preto, são entregues à Adevirp. Na universidade, a escolha do livro é feita pelo aluno, de preferência entre os livros que já leu ou está lendo, o que facilita a gravação.
O projeto incentiva a leitura de livros para crianças e adolescentes – a chamada literatura infanto-juvenil – obras que possam auxiliar na formação na formação do indivíduo, além do aprendizado. São gravados livros de todos os gêneros literários, definidos pelos critérios de qualidade de texto e que não tenham sido gravados ou já constem do acervo da Adevirp.