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Polêmica sobre CPMF derruba Marcos Cintra

JOSÉ CRUZ/AG.BR.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) confirmou nesta quarta­-feira, 11 de setembro, nas redes sociais, que a criação de um novo tributo nos moldes da extinta Contribuição Provisória por Mo­vimentação Financeira (CPMF) “derrubou” o economista Marcos Cintra do cargo de secretário da Receita Federal.

Segundo Bolsonaro, o minis­tro da Economia, Paulo Guedes, exonerou, “a pedido”, Cintra por “divergências no projeto da refor­ma tributária”. O presidente afir­mou ter determinado que fique fora do projeto para reforma tri­butária “a recriação da CPMF ou aumento da carga tributária”.

“Tentativa de recriar CPMF derruba chefe da Receita. Paulo Guedes exonerou, a pedido, o chefe da Receita Federal por di­vergências no projeto da reforma tributária. A recriação da CPMF ou aumento da carga tributária estão fora da reforma tributária por determinação do presidente”, escreveu Bolsonaro no Twitter.

Bolsonaro ainda disse em outra rede social, o Facebook, que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária “só deveria ter sido di­vulgada após o aval do presiden­te da República e do ministro da Economia”. O Ministério da Economia confirmou em nota, na tarde desta quarta-feira (11), que Cintra deixou o governo. No lugar dele, assume interina­mente José de Assis Ferraz Neto.

O ministério ainda informou que não há projeto de reforma tributária finalizado. “A equipe econômica trabalha na formula­ção de um novo regime tributário para corrigir distorções, simplifi­car normas, reduzir custos, aliviar a carga tributária sobre as famílias e desonerar a folha de pagamen­to”, diz a nota. Segundo o órgão, a proposta somente será divulga­da depois do aval de Guedes e do presidente Jair Bolsonaro.

A proposta previa a criação da Contribuição sobre Pagamen­tos (CP) para desonerar gradual­mente a folha. A alíquota do novo tributo seria de 0,20% no débito e crédito financeiro e de 0,40% no saque e depósito em dinheiro, nos mesmo moldes da CPMF, o po­pular “imposto do cheque”.

A nova CPMF proposta por Marcos Cintra teria arrecadado R$ 3,10 bilhões no ano passado apenas com a perna da Contri­buição sobre Pagamentos (CP) que pretendia cobrar uma alí­quota de 0,2% sobre todas as operações com cartões de débito e crédito no País.

O cálculo se baseia nos da­dos da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), que mostram que o volume dessas transações financeiras que seriam taxadas em 2018 – se a nova CPMF já estives­se em vigor – chegou a R$ 1,55 tri­lhão, ou 40% do total do consumo privado no País no ano passado.

No primeiro semestre deste ano, o montante transaciona­do no País por meio dos cartões cresceu 18%. Por isso, a entidade projeta um crescimento neste ano entre 17,5% e 19,5% no uso desses meios de pagamento, levando o volume movimentado em 2019 para cerca de R$ 1,84 trilhão.

Nesse cenário, o governo re­colheria R$ 368 bilhões com essa parte da CP em 2019. Para efeito de comparação, toda a arrecada­ção tributária sobre a folha de pa­gamentos no ano passado somou R$ 349,268 bilhões, ou 24,60% das receitas administradas pelo Fisco em 2018. Ou seja, apenas parte da nova CPMF proposta pela equipe de Cintra já seria mais do que suficiente para compensar a desoneração completa da folha de pagamentos já em 2019.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também disse ontem que é contrário à cria­ção de um imposto no formato da antiga CPMF. Para ele, os bra­sileiros “não aguentam mais” pa­gar impostos. “Naturalmente, eu escuto alguns setores do governo se manifestarem em relação à cria­ção desse novo imposto e minha posição é de que não é possível. Os brasileiros não aguentam mais pa­gar imposto”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também já havia sina­lizado que a intenção do governo de criar um novo imposto nos moldes da extinta CPMF en­frentaria dificuldades no Con­gresso Nacional “A CPMF tem muito pouco apoio entre os que conhecem da questão tributária. Não sei se esse é o melhor ca­minho para resolver o custo da contratação da mão-de-obra”, diz.

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