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Bolsonaro diz que vai vetar 20 pontos

ANTONIO CRUZ/AG.BR.

O presidente Jair Bolsona­ro (PSL) disse nesta terça-fei­ra, 3 de setembro, que deve ve­tar quase 20 pontos do projeto de lei sobre abuso de autorida­de – o que representaria quase metade da proposta, que tem 44 artigos –, aprovado na Câ­mara dos Deputados no dia 14 de agosto. “Deve chegar a quase 20 vetos, mas tem arti­go que tem que ser mantido porque é bom. Não serão só nove”, disse Bolsonaro ao dei­xar o Palácio da Alvorada na manhã de ontem.

Na segunda-feira (2), o presidente afirmou que veta­ria, pelo menos, nove dos dez pontos sugeridos pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. O décimo ainda estava em discussão. Bolsona­ro tem até esta quinta-feira (5) para anunciar a decisão, dia em que termina o prazo de 15 dias úteis para o veto ou sanção. Em caso de veto, o texto volta para análise do Congresso Nacional, que pode manter ou derrubar os vetos presidenciais.

O presidente já concordou em vetar a restrição ao uso de algemas e outros três pontos específicos do projeto de lei de abuso de autoridades, segundo auxiliares que acompanham as discussões no Palácio do Planal­to. Estão na lista os trechos que tratam de prisão “em desconfor­midade com a lei”, de constran­gimento a presos e o que pune criminalmente quem desrespei­tar prerrogativas de advogados.

O projeto engloba atos co­metidos por servidores públicos e membros dos três Poderes da República, do Ministério Públi­co, dos tribunais e conselhos de contas e das Forças Armadas. De acordo com o texto, poderá ser considerado abuso de auto­ridade obter provas por meios ilícitos; executar mandado de busca e apreensão em imóvel, mobilizando veículos, pessoal ou armamento de forma osten­siva, para expor o investigado a vexame; impedir encontro reservado entre um preso e seu advogado; e decretar a condução coercitiva de testemunha ou in­vestigado sem intimação prévia de comparecimento ao juízo.

No total, a proposta apre­senta 37 ações que poderão ser consideradas abuso de autori­dade, quando praticadas com a finalidade específica de preju­dicar alguém ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro. Entre eles, está o dispositivo que tipifica como abuso de autoridade o uso de algemas em preso quando não houver resistência à prisão ou ameaça de fuga. O presiden­te Jair Bolsonaro já afirmou que esse trecho sobre a restrição ao uso de algemas será vetado.

O texto também prevê a criação do crime de caixa 2, de compra de votos e o aumento de pena para o crime de corrupção, tornando a prática hedionda em alguns casos. Atualmente con­siderada crime eleitoral e não penal, com penalidade inferior à aplicada a outros crimes e pas­sível de prescrição no prazo de um mandato, a prática de caixa 2 em campanha eleitoral poderá ser tipificada como crime.

Relator do projeto de lei de abuso de autoridade na Câma­ra, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que líderes de partidos ainda tentam con­vencer o presidente Jair Bolso­naro a manter trechos da pro­posta e que há acordo apenas para vetar a restrição ao uso de algemas. Para Barros, no entanto, caso o presidente con­firme os vetos ao texto, o Con­gresso deverá trabalhar para derrubá-los, já que o projeto foi aprovado com amplo apoio. “Não há ainda uma discussão para tratar da derrubada de vetos, há um movimento para não vetar”, disse.

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