Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

Conservação de vias férreas
O transporte ferroviário sempre foi muito importante para Ribei­rão Preto, tanto para os passageiros e particularmente para o de produtos da agricultura e principalmente do café. Havia uma ferrovia que ligava a cidade à região e outra que nos levava para Minas Gerais, até Passos, passando por Itaú de Minas, de onde trazia o cimento. Inicialmente, a Cia. Mogiana era a que serpente­ava pelas fazendas para apanhar a riqueza dos cafezais e levá-la para a exportação através do Porto de Santos, com conexão com a Santos-Jundiaí. Eram poucas as estradas e a Anhanguera era cimentada até Campinas, depois vinha em terra para nossa cida­de. Normalmente, uma viagem a capital demorava por mais de onze horas. Pela estrada de ferro, a Mogiana seguia até Campinas e depois de uma conexão para adequação da bitola (de estreita para bitola larga) conseguia chegar a São Paulo.

Melhor alternativa
A melhor alternativa era viagem dos passageiros até Barri­nha ou Guatapará, onde havia a Paulista com bitola larga e um trem famoso denominado “Pullman de Luxo”, que era a atração, confortabilíssimo. O transporte por ônibus até Bar­rinha era feito pelos Benelli através da Rápido D’Oeste. Pela Mogiana, depois Fepasa, com as antigas composições toca­das a carvão os passageiros precisavam levar uma capa que cobria os ternos, pois as fagulhas que saíam pela chaminé da locomotiva se espalhavam pelos vagões.

Ligação com Brasília
A ligação via férrea até Brasília era feita pelo Bandeirante, que possuía vagões-leitos com horário programado para o passagei­ro apanhar a composição na Estação do Jardim Independência e dormir até o raiar do sol na capital federal, retornando no próprio Bandeirante a noite sem necessidade de ficar em um hotel. Quan­do encerraram-se as atividades da Fepasa, que sucedeu a Mogia­na, os passageiros ficaram sem opção e mesmo o transporte de álcool e grãos sofreu redução de ofertas de composições para o transporte. Pouca gente tem conhecimento de como tudo acon­teceu. De uma hora para outra apareceu esta empresa que mudou toda a estratégia do transporte ferroviário.

Maior entroncamento
Ribeirão Preto se gabava de ser um dos maiores entroncamen­tos aero-rodo-ferroviário e as mudanças contribuíram para que a economia ficasse um tanto combalida à época. Nada se fez para mudar as diretrizes emanadas da capital federal. Até mesmo o cuidado que deveria se ter para preservar as linhas férreas, por conta da empresa que assumiu o tipo de transporte, não ocorreu. Além de os bairros reclamarem do mato e do desleixo das ferro­vias, com criação de bichos e criadouros de Aedes aegypti, não estão se importando com os furtos dos vergalhões.

Trem turístico
Os aposentados da Mogiana-Fepasa se ofereceram para re­cuperar referidas linhas e mesmo as composições existentes para viabilizar o passeio regional e até interestadual com Mi­nas Gerais, para que as novas gerações conhecessem o que é o transporte econômico através das ferrovias. Não consegui­ram transformar o sonho em realidade por causa dos furtos dos vergalhões. Tem gente que vive de furtar trilhos e nin­guém sabe quais providências foram tomadas na área policial e mesmo por parte da empresa que ficou responsável por eles. A quem caberia cobrar, é o que procuram saber os membros de uma associação que congrega os aposentados ferroviários. Se algum vereador quiser abraçar a causa…

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