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Esportes

Baptista fala sobre os contratos da Botafogo S/A

FOTOS: JF PIMENTA/JORNAL TRIBUNA

Murilo Bernardes

No dia 14 maio de 2018, o Botafogo Futebol Clube anun­ciou a formatação de uma so­ciedade anônima em parceria com a empresa Trex Holding, presidida por Adalberto Bap­tista, empresário e ex-diretor do São Paulo Futebol Clube.

Na negociação ficou de­finido que a Botafogo S/A, empresa oriunda da socieda­de entre BFC e Trex, passaria a gerir o futebol do Pantera. Desde então, todos os custos com funcionários, atletas e demais despesas são da S/A.

Passado pouco mais de um ano da assinatura dos contra­tos, uma crise entre o Botafo­go Futebol Clube e a Botafogo S/A assola os lados de Santa Cruz. No centro do desenten­dimento estão os contratos de formatação da sociedade.

Na manhã da última sex­ta-feira (30), o presidente do conselho da S/A e principal investidor do negócio, Adal­berto Baptista, convocou uma coletiva de imprensa afim de esclarecer as questões que envolvem a sociedade entre a empresa que ele representa e o Botafogo Futebol Clube.

Fruto da parceria, a Botafogo S/A construiu na superfície do estádio Santa Cruz uma arena multiuso. Inicialmente, o proje­to estava orçado em 5 milhões, entretanto, atualmente, o projeto já custou mais de 14 milhões. Baptista falou sobre a diferen­ça de valores e apontou como principal motivo, a mudança na estruturação do projeto.

“O projeto começou tími­do. Nós iriamos fazer uma série de camarotes embaixo do que era a churrasqueira e tentar ter alguns bares para trazer o pú­blico durante a semana, entre­tanto, com o interesse do Hard Rock, da Walfänger, a coisa acabou ficando maior e por isso esse acordo de investimen­to acabou sendo feito. O Bo­tafogo Futebol Clube não tem ingerência e parte nenhuma, até porque o acordo foi feito entre a Botafogo S/A e a Trex. Era para ser um investimen­to inicial de 5 milhões, passou para 10 e hoje está chegando em quase 14 milhões, com a incorporação do terreno que era da Axial. Foi investimento feito para que o projeto tives­se a magnitude que teve.

Foi aprovado com um único voto contrário. Passou pelas mãos do BFC, porque o clube pre­cisava assinar como anuente, afinal, a construção seria feita em cima de uma propriedade do BFC. Eu desafio qualquer pessoa a falar que a vantagem desse acordo de investimentos não é da Botafogo S/A, da qual o clube tem 60%. A Trex tem direito de 10 a 15% e a S/A de 85 a 90%”, afirmou Baptista.

Para exploração do estádio Santa Cruz, foi assinado um contrato de cessão de super­fície entre as duas partes. Pelo acerto, ficou acordado que a Botafogo S/A deveria fazer um repasse mensal no valor de 120 mil reais. Segundo o clube, este valor não é suficiente para o pa­gamento das dívidas que ainda ficaram com o BFC. O contra­to ainda previa que as receitas das cadeiras cativas, escolinha e Pantera Shop também seriam do clube, entretanto, o BFC afirma que os valores não são suficientes, mas Baptista reba­teu as informações.

“O valor era suficiente. O clube está perdendo receitas. Pelo que sempre ouvi, a loja era rentável, sempre lucrou 20, 30 mil reais por mês, agora está dando prejuízo? Os conselheiros precisam olhar o que está sendo feito dentro da loja. A escolinha e as cativas tinham receita, por isso foi feito o planejamento. Repassar um valor maior para o clube não seria um empecilho para o negócio sair”, disse.

Outro ponto que gerou bas­tante repercussão foi a questão de não haver em contrato, ne­nhum tipo de reajuste do valor de repasse ao clube. Segundo Baptista, isso foi um erro con­tratual que já está sendo traba­lhado para ser corrigido.

“Isso foi um erro do con­trato, mas é facilmente corri­gível. Foram tantas alterações e costuras, que isso acabou passando. Desde o momento zero eu falei para todos que nós iriamos reajustar os valores. No início seria um percentual, que é um caso em que não existe necessidade de reajuste, mas acabamos optando pelo repas­se de um valor fixo”, contou.

O centro da crise é de viés político. Após a renúncia de Gerson Engracia Garcia da presidência do BFC, mas a sua permanência na presidência da Botafogo S/A, evitando que Dmitri Abreu, novo presidente do clube assumisse o comando da sociedade, um desconforto surgiu entre as partes. Entre­tanto, segundo o mandatário, a escolha de Gerson foi feita para facilitar a transição e que o se­gundo presidente seria contra­tado do mercado.

“O Gerson foi escolhido como primeiro presidente da S/A porque juridicamente nos correríamos vários riscos na transição dos direitos federa­tivos entre o Botafogo Futebol Clube e a Botafogo S/A. A es­colha foi feita para se ter uma transição tranquila. Desde sempre nós tínhamos a ideia de que o próximo presidente seria alguém de mercado”, revelou.

Questionado sobre a pos­sibilidade de “comprar” o Bo­tafogo, Adalberto Baptista foi enfático e afirmou que não pensa nisso, mas reiterou que, para ele, a administração do clube é irresponsável e pode causar danos no futuro.

“Eu temo, da forma como o Botafogo Futebol Clube está sendo gerido, é pouco prová­vel que ele consiga salvar os 60% que eles têm das ações e esse estádio, eu temo que ele perca, se não tiver uma gestão, no mínimo, responsável. Se continuar numa gestão irres­ponsável como esta, eu não te­nho dúvida de que o patrimô­nio do BFC corre risco, mas tenha certeza que eu e nem a empresa que eu represento va­mos comprar”, finalizou.

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