Tribuna Ribeirão
Economia

Governo propõe mínimo de R$ 1.039

FÁBIO POZZEBOM/ARQUIVO AG.BR.

O salário mínimo proposto pelo governo federal para o ano que vem é de R$ 1.039. O valor consta no Projeto de Lei Orça­mentária (PLOA) de 2020, que foi enviado nesta sexta-feira, 30 de agosto, para análise do Con­gresso Nacional, juntamente com o texto do projeto de lei que institui o Plano Plurianual (PPA) da União para o período de 2020 a 2023.

“Esse valor é exatamente o número de 2019 corrigi­do pelo INPC. Não é nossa política de salário mínimo. Temos até o fim do ano para estabelecer nossa política de salário mínimo”, afirmou o secretário especial da Fazen­da, Waldery Rodrigues, du­rante apresentação do Orça­mento 2020.

Até o ano passado, a política de reajuste do salário mínimo, aprovada em lei, previa uma correção pela inflação mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e ser­viços produzidos no país). Esse modelo vigorou entre 2011 e 2019. Porém, nem sempre hou­ve aumento real nesse período porque o PIB do país, em 2015 e 2017, registrou retração, com queda de 7% nos acumulado desses dois anos.

O valor previsto agora está abaixo da última projeção, anunciada em abril, que indicou um salário mínimo de R$ 1.040. A revisão para baixo está rela­cionada à correção do valor do salário mínimo de 2020 ser cor­rigido pela inflação desse ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que registrou queda nos últimos meses (de 4,19% para 4,09%).

Cada aumento de R$ 1 no mínimo terá impacto de cerca de R$ 298,2 milhões no Orça­mento de 2020. A maior parte desse efeito vem dos benefícios da Previdência Social de um sa­lário mínimo. Mesmo com a li­geira redução, o salário mínimo do ano que vem vai ultrapassar a faixa R$ 1 mil pela primeira vez na história. O reajuste representa uma alta de um pouco mais de 4% em relação ao valor atual de R$ 998, aporte de R$ 41.

Com base na cesta mais cara do país – a de Porto Alegre (RS), de R$ 493,22 – o Departamen­to Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Die­ese) calculou em R$ 4.143,55 o valor do mínimo necessário em julho deste ano para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, ves­tuário, higiene, transporte, lazer e previdência. O valor equivale a 4,15 vezes o piso vigente no Bra­sil, de R$ 998. O salário mínimo em 2018 era R$ 954.

O salário mínimo propos­to pelo governo Jair Bolsona­ro (PSL) também é inferior ao piso regional paulista. Em 18 de março, o governador João Doria (PSDB) sancionou a lei nº 16.953, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE). O reajuste foi de 4,97%, passando para R$ 1.163,55 aos trabalha­dores que se enquadram na fai­xa 1, e para R$ 1.183,33 aos que fazem parte da faixa 2.

Os valores deste ano do piso regional são, respectiva­mente, entre 12% e 13,9% su­periores ao proposto no PLOA de 2020 pelo governo federal – os paulistas recebem R$ 124,55 e R$ 144,33 a mais. O menor valor também supera em quase 16,6% o atual salário mínimo, que desde janeiro é de R$ 998 – são R$ 165,55 mais.

Os valores estaduais valem desde 1º de abril. O reajuste teve como base o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econô­micas (IPC/Fipe) acumulado de novembro de 2017 a outu­bro de 2018, que atingiu 3,63%, e o crescimento previsto para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2018, em torno de 1,3%.

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